NOTA DE ESCLARECIMENTO INICIAL

Somos COLORADOS e estamos preocupados com os rumos do CLUBE DO POVO. Por isso criamos este blog. Nosso maior objetivo é resgatar a alma do Sport Club Internacional, cujos alicerces estão fincados nas classes populares, que sempre deram sustentação e transformaram o INTER no GIGANTE que ele é.


O Inter NÃO nasceu em 2002!!!



quinta-feira, 17 de junho de 2010

DE BELÉM A YOKOHAMA - parte 2: renegando a própria história

Na primeira parte da análise do livro de memórias escrito pelo FC, coloquei em questão a flagrante contradição entre o discurso, que prega a ideia de manutenção do trabalho de um técnico, com a prática, que demonstra a permanência média de menos de um ano de cada treinador contratado pelo atual grupo diretivo.

Seguindo a mesma trilha, quero destacar o pensamento do homem forte do futebol Colorado acerca de suas referências e inspirações, cuja leitura atenta vai proporcionar maior clareza quanto ao entendimento das razões que embasaram a contratação do Roth neste momento.

Diz o FC:

“No Inter, há a cultura de que o futebol bonito é o que ganha; no Grêmio, eles sabem que o futebol que ganha muitas vezes é o tosco, o futebol de resultados. Na década de 1950, os tricolores colocaram Osvaldo Rolla, o Foguinho, como treinador, e jogaram num sistema de bico pra frente, futebol voluntarioso, a força física em detrimento da técnica, e gol de bola parada, e eles até hoje vibram com isso. Este é o futebol que ganha. (...) Mas eu gosto de time que ganha. Se o time jogou os 90 minutos na defesa, fez um gol de pênalti e ganhou: está bom! (...) o futebol de resultado é o que conta.” (p. 121)

Qualquer torcedor ou mesmo qualquer interessado pelo futebol, independentemente de cor clubística, sabe que a história do Internacional é marcada por times vencedores, em cuja armação se nota a primazia da técnica e do futebol bonito, alegre, ofensivo. O glorioso Rolo Compressor era um time que dificilmente marcava menos do que quatro gols. O chamado Segundo Rolo tinha uma dupla de atacantes que até hoje é considerada uma das maiores do futebol brasileiro e mesmo mundial: Larry e Bodinho. No time dos anos 70, desde a zaga até o último reserva, todos sabiam, e muito, jogar futebol, inclusive o próprio Caçapava, sobre cuja capacidade técnica pairam muitas dúvidas, que se desfazem facilmente quando se assiste a uns dois ou três jogos inteiros daquele time. Claro que comparado a um Falcão ou a um Figueroa ele pode parecer um jogador tosco, mas nesse caso a comparação é desleal.

Essa é a história do Internacional e a sua marca. Até os anos 70, o excelente time do Palmeiras era conhecido como "Academia". Isso motivou o Haroldo de Souza, naquela década de ouro para os Colorados, a apelidar o Inter de "Academia do Povo", numa síntese de rara felicidade, pois contempla o futebol excepcional jogado pelo time e faz uma referência às suas origens populares.

Com tudo isso, entretanto, o ex-presidente prefere citar como referência o padrão de jogo histórico do time da Azenha/Medianeira. As declarações transcitas acima, que não foram descontextualizadas (o livro está à disposição para dirimir eventuais dúvidas), deixam claro que ele prefere o gfpa ao Internacional. Elas podem até mesmo levar à conclusão que o FC torcia para os azuis na infância.

Caso alguém queira analisar as ideias expostas nessas declarações à parte da preferência por um ou outro clube, verá que se trata de um verdadeiro atentado ao futebol. Imaginem se todos os 20 times que disputam a primeira divisão do Campeonato Brasileiro adotassem o pensamento carvalhiano na montagem das suas equipes. Que tipo de campeonato teríamos? Se essa fosse a tônica do futebol brasileiro, seríamos hoje uma seleção respeitada nos quatro cantos do mundo? Teríamos conquistado todos os títulos de que nos orgulhamos? Voltando ao Internacional, que é o que de fato nos interessa, que histórias teríamos para contar às futuras gerações se esse pensamento houvesse se implantado no futebol Colorado desde o início? É a isso que me refiro quando digo que há uma negação das raízes e da própria história do Internacional.

Um time pode jogar retrancado o tempo todo, fazer um gol por sorte, ou de pênalti, como ele sugere, e ganhar um jogo. Pode até ganhar um campeonato dessa maneira. (Lembro que o gfpa já ganhou um jogo por 2 gols sem ter chutado nenhuma bola contra o goleiro adversário.) Essa fórmula, entretanto é válida apenas para torneios curtos ou campeonatos organizados em fórmulas mirabolantes, como eram os Brasileiros até a implantação do sistema de pontos corridos. É preciso deixar bem claro que esse tipo de postura, se implanatado, além de não condizer com a história do Inter, vai tornar absolutamente impossível a conquista de um título brasileiro, pois uma competição longa e com equilíbrio técnico privilegia inevitavelmente o melhor time e este definitivamente não é aquele que só joga "dando balão", como quer o FC. Sequer o Inter vai disputar com chances competições organizadas em fórmulas de "mata-mata", como a própria Libertadores, que nos interessa sobremaneira, e justamente no momento em que faço referência a esta competição é que se oportuniza falar sobre a contrataçãodo Celso Roth.

Ao contratar um técnico de competência muito questionável, cujo currículo é de uma pobreza franciscana, a direção do Inter abre mão da conquista do título da Libertadores, mas atende aos anseios do dirigente máximo do futebol. É claro que o Inter pode ser campeão e mais claro ainda que como Colorado vou torcer muito para que isso aconteça. Não vou, todavia, me iludir com essa perspectiva e se ela se concretizar, terei capacidade de analisar critica e racionalmente a situação para saber que muito provavelmente a conquista veio apesar e não por causa do técnico.

O senhor FC lançou um balão de ensaio sobre o Beira-Rio, deixando que a imprensa desse como certa a contratação de um treinador extremamamente contestado pela torcida, e trabalhou na surdina a contratação de outro de capacidade tão questionável quanto. Exatamente como fizera quando da contratação do Tite. Mais uma vez, portanto, a torcida Colorada foi ludibriada pelos seus dirigentes e agora acorda com um morcego na sala.

Em síntese, a contratação do Celso Roth espelha o pensamento futebolístico do vice-presidente de futebol Colorado, que se ampara no futebol pobre que historicamente caracteriza os times da Azenha/Medianeira, o qual já o fez frequentar por duas vezes a segunda divisão brasileira, em detrimento dos exemplos que tem na própria casa, de times vencedores e que encantaram o Brasil e o mundo com um futebol de altíssima qualidade.

Rezo para todos os santos de todas as religiões para que a torcida Colorada tenha o discernimento de evitar a perpetuação dessa gestão comprometedora e muito mais preocupada com dólares e euros do que com a grandeza do Inter, e que, cedo ou tarde, se não for impedida, levará o Clube do Povo à ruína.

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