Temos falado muito sobre o racismo da torcida gremista . Isso provoca algumas reações iradas entre eles. Isso é bom, porque comprova o que nós temos o cuidado de sempre afirmar: nem toda a torcida gremista é racista, mas uma parte considerável sim.
O Flávio publicou algo sobre o assunto no facebook e um gremista reagiu com indignação, dizendo que ele não é racista. E eu não tenho motivos para não acreditar. Mas em determinado momento do rápido debate que se estabeleceu, ele disse que os Colorados também são racistas e que a origem do Inter é de alemães que foram impedidos de se associar ao Grêmio. Disse isso porque, a fim de comprovar a diferença da dimensão do racismo na torcida do Grêmio com o que pode existir em focos isolados no Inter, eu perguntei se alguém já tinha ouvido Colorados em massa gritando "chora alemão imundo".
Isso enseja que façamos alguns esclarecimentos necessários. Antes de mais nada, a origem dos fundadores do Inter é italiana e não alemã, mas isso é um equívoco menor diante da fantasia que às vezes se tenta empurrar goela abaixo. Os fundadores do Inter jamais foram excluídos do Grêmio, por um motivo bem simples: eles nem tentaram se associar lá, porque sabiam do caráter excludente, preconceituoso e racista da agremiação. Justamente por isso decidiram fundar um clube que desde a origem sentasse suas bases nos preceitos do universalismo, da inclusão e da erradicação de preconceitos. E nesse momento aparece outra distorção muito comum.
Alguns "historiadores" tentam imputar ao Inter um caráter racista nas suas origens, argumentando que não havia negros entre os primeiros membros Colorados. De fato não havia, mas porque eles próprios não se sentiam à vontade em participar de um grupo que não fosse exclusivamente composto por negros. Naquela época a Lei Áurea era ainda muito incipiente e havia muita desconfiança, como incrivelmente ainda há, sobre o seu real alcance. Nesse contexto, os negros preferiam participar de clubes exclusivos, como a Sociedade Floresta Aurora, instituição centenária, que perdura até hoje.
O fato é que nem os negros e nem qualquer outro grupo foi excluído do Internacional, a despeito do que querem fazer acreditar aqueles que se envergonham (às vezes de forma não muito sincera) das origens segregacionistas do seu próprio clube.
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
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