NOTA DE ESCLARECIMENTO INICIAL

Somos COLORADOS e estamos preocupados com os rumos do CLUBE DO POVO. Por isso criamos este blog. Nosso maior objetivo é resgatar a alma do Sport Club Internacional, cujos alicerces estão fincados nas classes populares, que sempre deram sustentação e transformaram o INTER no GIGANTE que ele é.


O Inter NÃO nasceu em 2002!!!



terça-feira, 18 de julho de 2023

Um clube, uma história, um povo, um movimento: responsabilidades




 "Que sadudade da Redenção, do Fogaça e do Falcão

Cobertor de orelha pro fio, e a galera no Beira-Rio"*


O Povo do Clube é um grupo sui generis na história política do Internacional e mesmo na história do futebol brasileiro. Sui generis é uma expressão que cabe muito bem aqui, porque o Movimento tem até um professor de latim. Eu me arrisco a comparar o Povo do Clube com a Democracia Corinthiana e movimentos de torcida como St. Pauli. Gostaria de incluir aqui ações mais específicas, como a Coligay, mas como é do Grêmio, melhor deixar quieto...

Em 2014 o Povo do Clube elegeu o primeiro grupo de conselheiros e conselheiras, que incluía carteiro, açougueiro, estudante, desempregado, mulher, músico, advogado, médico, servidor público, professora, gente de arquibancada, gente do povo. E não estou falando de uma associação de bairro de fortes tendências populares. Não, estou falando do Conselho Deliberativo do Sport Club Internacional, clube que é uma das maiores entidades esportivas do planeta, que conquistou o mundo em 2006. E este CD era marcado pelo conservadorismo, funcionava como uma espécie de confraria de amigos (amigos, com "o" mesmo, de homens). E aqui uso o verbo no passado com a intenção clara de acreditar que o CD deixou de ser esse círculo de amigos exatamente em grande parte pelo trabalho do Povo do Clube.

Na atuação política, o PdC, como é carinhosamente conhecido, obteve conquistas históricas, como a criação de uma modalidade de associação popular ao Inter, Academia do Povo, destinada às pessoas de baixa renda, e a inclusão do lema "Clube do Povo" e do Saci como mascote no estatuto do clube. Mas  as vitóras não param por aí. A primeira mulher que ocupou o cargo de Ouvidora-Geral do Inter é cria do Povo do Clube. Ouvidoria que, a propósito, hoje é ocupada por uma mulher negra, que também integra o Movimento. A primeira e única presidentA do Conselho Deliberativo é oriunda do PdC. O Povo do Clube tem em seus quadros grandes mulheres, coloradas verdadeiramente de escol, algumas das quais me dão orgulho de sua amizade, e certamente é o movimento que tem mais mulheres no âmbito político do Inter. 

Alguma dúvida que o Povo do Clube é um movimento de vanguarda?

Pois este movimento de vanguarda é, como tem dito repetidas vezes o jornalista Cristiano Silva, o fiel da balança na próxima eleição do clube. Segundo o repórter, que se notabilizou por estar sempre muito bem informado das coisas do Internacional, clube do qual se declarou ser torcedor há alguns anos, em atitude bastante corajosa, dado o caráter bipolar da crônica esportiva local, o candidato que for apoiado pelo Povo do Clube, inevitavelmente vai para o pátio em dezembro. 

O Povo do Clube já declarou, por intermédio de um de seus membros mais antigos, que está na oposição à gestão. Oposição construtiva, como deve ser. O mesmo integrante afirmou que há adiantadas tratativas para que José Amarante seja o candidato à presidência em chapa do PdC. Amarante é um político experiente no Inter, já atuou em gestão passada, lançou candidatura na última eleição, mas depois retirou. Ou seja, trata-se de uma cooperação, por assim dizer, que virá com força, caso seja efetivada, quanto mais se vier acompanhada de alguns grupos com menor número de integrantes. Do outro lado, a gestão, em busca da reeleição. E de um terceiro lado, MIG e suas forças de coalizão. É mais ou menos isso o que se desenha, resguardada a chance do aparecimento de parcerias alternativas e/ou grupos independentes, como tem sido a regra das últimas eleições. De fato, como se diz no jargão popular, a política do Inter não é para amadores. 

Talvez alguém se pergunte o motivo por que estou fazendo essa conversa com certo ar de distanciamento, já que o Povo do Clube é o meu movimento. Pois faço isso exatamente para poder colocar algumas ideias preliminares do ambiente político com um nível de isenção que me é possível. E essas ideias têm por único objetivo apresentar a minha esperança de que o Povo do Clube não se perca na história e não vire algo... convergente na política do Inter (entendedores/as entenderão). 

Nunca devemos esquecer que o Inter foi, é e sempre deverá ser o Clube do Povo! 

* Trecho da música "Deu pra ti", de Kleiton e Kledir.

Imagem de destaque copiada de https://medium.com/betaredacao/o-eterno-grito-da-coreia-colorada-393827a04b9. ACesso em 18 de julho de 2023. 

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Nossa camisa não será vermelha. Ou: um tucano no Beira-Rio

Há tucanos sobrevoando o Beira-Rio. A bem da verdade, eles já fizeram seu ninho na casa do povo colorado. Tucanos, como se sabe, são loucos por vender o patrimônio público. Sugiro a leitura de "O princípe da privataria" e a "Privataria tucana". Mas aqui não falo do que fizeram no braZil, mas sim do que estão fazendo no Inter. 

No começo da segunda década deste século, este blog estabeleceu um debate, que teve repercussão entre cronistas consagrados, como Hiltor Mombach e Wianey Carlet, quando o então vice-presidente de marketing, Jorge Avancini, tentou tirar o Saci da nossa história. A alegação foi a mais repugnante que se poderia imaginar: o cachimbo do Saci se associava ao consumo de drogas (crack, segundo o gênio do marketing) e o fato de não ter uma perna sugeria a imagem de uma pessoa perdedora, e isso não era bom para as crianças coloradas. Se alguém tem dúvida que isso possa ter acontecido, é só ir na pesquisa aqui do blog e vai acompanhar o caso. Vencemos aquela guerra, porque há alguns anos, por ocasião de uma reforma estatutária, o Movimento O Povo do Clube conseguiu aprovar uma emenda que instituiu o Saci como mascote oficial do Inter. Com o Saci ninguém mexe mais. Algum tempo depois, o sr. Avancini abandonou o Inter e foi ganhar dinheiro com suas ideias em outras paragens, parece que andou pelo Bahia. Até que no ano passado, ele voltou. Voltou e é de novo o chefe da propaganda do Internacional.

Durante a rebaixada e, segundo o Ministério Público, criminosa gestão Vitório Píffero, o processo de descaracterização do Inter esteve a pleno vapor. O lema "Clube do Povo", que depois também seria erigido ao status estatutário graças ao Povo do Clube, foi apagado de todos os espaços do Beira-Rio, e o nosso estádio virou palco de jogos de futebol americano (ou algo parecido), animação de cheerleaders (ou algo parecido) e até de shows de gremistas empedernidos, como Renato Borghetti (ou alguém parecido). Também foi por essa época que começaram a aparecer com força as camisas de cores estranhas ao vermelho. Já durante a gestão Marcelo Medeiros, na qual o atual presidente ocupou os cargos de vice de administração e de futebol durante mais ou menos três quartos do tempo, o presidente da  república, que representa tudo aquilo que é contrário ao povo, foi presenteado com uma camisa do Inter. Branca, porque o fascista não usa vermelho. Acerca de fascismo, a propósito, pessoas com trânsito na gestão Medeiros empreenderam um combate ferrenho aos grupos que se identificavam como colorados e coloradas antifascistas. Hoje entende-se a razão...

Recentemente, o Beira-Rio foi colorido de azul no começo da semana de um Gre-Nal. Depois, a pedido da prefeitura do conselheiro colorado Melo, para comemorar o aniversário de Porto Alegre, foram acessas luzes de diversas cores, em alusão ao logotipo criado para os eventos festivos. Poucos dias depois, no aniversário do Inter, as luzes tinham as cores da bandeira do Rio Grande do Sul. 

O Inter já entrou em campo com um camisa rosa e de meias pretas, com uma camisa preta, antes disso com uma camisa dourada, enfim. Para não esquecer: a cor do Inter (ainda) é o vermelho...

Agora vejamos o que vem acontecendo nos últimos tempos com o futebol: goleada vexatória diante do Fortaleza; três pontos acima do primeiro rebaixado, que, por sinal, foi o Grêmio, que depois nos aplicaria um impiedoso 3 a 0 em pleno Beira-Rio; eliminação da Copa do Brasil pelo inexistente Globo, que depois ainda nos tocaria uma flauta pela derrota no Gre-Nal; empate com um time que disputa as últimas posições do campeonato equatoriano, depois de fazer 2 a 0; empate no Beira-Rio com um clube fundado há 5 anos e que nunca havia saído do Paraguai. Isso para não falar da dispensa do Campeão do Mundo, Abel, para a contratação do estagiário das Ilhas Canárias. Aliás, o Beira-Rio virou laboratório de teste para treinadores neófitos. 

Tudo isso vem acontencendo e a mim parece bem claro que há uma explicação que nada tem a ver com mera inabilidade para gerir o futebol, que de fato existe, mas parece ser proposital. Examinemos a composição do Conselho de Gestão: Dannie Dubin (empresário), Arthur Caleffi (empresário), Luiz Carlos Ribeiro Bortolini (empresário) e Humberto Cesar Busnello (empresário). Quem dessas pessoas tem algum histórico no futebol? Algum deles têm alguma formação importante em qualquer área relacionada ao futebol? O próprio presidente Alessandro Barcellos não tem nenhuma ligação anterior com o futebol. Como homem público que sempre foi, tendo ocupado cargos de destaque, alguma vez nas suas aparições se apresentou como colorado? No futebol temos o sr. Emílio Papaléo Zin, magistrado (e dizem que muito competente). Mas e de futebol entende algo? Não parece. O certo é que não entende nada da história do Inter, pois se entendese evitaria ir aos treinos no CT vestindo azul... Sobre o marketing já falei, sr. Jorge Avancini, mas acho importante, também, referir a presença do mega empresário Delcir Sonda no Conselho Deliberativo. 

Gente, me desculpem, mas parece cada vez mais evidente que o interesse dessa turma é privatizar o Inter, transformar o clube numa SAF - Sociedade Anônima do Futebol. O Cruzeiro, de tantas glórias no futebol brasileiro, foi à lona e virou SAF. O Vasco, com uma lindíssima história popular e de resistência, anda às voltas com a segunda divisão há tempos e virou SAF. O Botafogo, de Nílton Santos e Garrincha, já é questionado há muito como um dos grandes do futebol brasileiro e virou SAF. Coritiba, América Mineiro, Chapecoense, Atlético, ops, Athletico PR, são outros clubes que viraram ou vão virar SAF. 

Alguém ganha muito com a privatização de um clube. Se é um clube de enorme apelo popular, como o Inter (Clube do Povo, lembram?), esse alguém - ou esses alguéns - ganham muito mais. Ora, mas como é que se vai conseguir tirar um clube que tenha uma torcida desse tamanho e uma história popular dessa natureza das mãos do seu povo? O primeiro passo é afastar o povo do clube (sem trocadilho). Isso, como vimos vem sendo feito há algum tempo. E nem falamos da elitização do estádio, da transformação do Beira-Rio numa espécie de teatro, com instalações de teatro e preços de teatro. Uma vez que a massa popular esteja se distanciando do clube, o segundo passo é o futebol, que é a razão do clube e o motivo da paixão da torcida, ir mal. Pegando apenas o exemplo do Cruzeiro, depois de dois anos na série b, o investimento privado foi apresentado como a solução para os problemas. Até agora não deu certo, pelo jeito... É uma equação bem simples: futebol afundando, torcida se afastando e finanças quebrando. Com esse quadro, o investimento externo surgirá como uma tábua de salvação. E aí, coloradas e colorados, torceremos para o Sport Club Internacional Sociedade Anônima, ou, por que não?, para o Esporte Clube Internacional Sociedade Anônima. E nossa camisa finalmente não será mais vermelha. 

Podem me chamar de paranoico, dizer que sou afeito a teorias conspiratórias, digam o que quiserem, mas peço apenas que guardem este texto. 



  

domingo, 20 de março de 2022

Alessandro, acorda enquanto é tempo!

Anacrônicos, conservadores e até secadores, são algumas das acusações que recebemos quando nos insurgimos contra o Inter entrar em campo para uma partida oficial usando uma camisa preta. Antes disso, quando criticamos a desastrada ideia da torcida mista, fomos acusados de incentivar uma rivalidade retrógrada e fomentar a violência. Quando dizemos que é um exagero, até porque não tem nenhum efeito prático, colorir o Beira-Rio de cores diversas em alusão a datas especiais (dia de combate ao câncer etc.), dizem que somos clubistas alienados das causas sociais. 

Pois bem, a noita de segunda-feira viu o Beira-Rio pintado de azul. Botar as cores do arco-íris para chamar a atenção para o combate à homofobia, ainda que não tenha nenhum efeito concreto, é aceitável, em nome da causa, mas azul? E, pior, azul na abertura da semana de um Gre-Nal? Sejamos anacrônicos, mas não sejamos anti-colorados!

Não se trata apenas de uma questão estética ou de uma incomodação visual ver o Beira-Rio destacado com a cor do Grêmio. É mais do que isso. É a identificação com a história do clube e com o símbolos que nos identificam mundo afora. Até hoje, pelo menos, qualquer pessoa minimamente interessada em futebol sabe que o clube vermelho de Porto Alegre é o Inter e que o clube azul é o Grêmio. A nossa identidade vermelha é tão forte que somos o único vermelho, enquanto que o Grêmio divide o azul com o São José. Menosprezar essa simbologia, isso sim, é não ser colorado ou colorada. Não entender o quanto a cor vermelha é importante para nós, aí está um grande problema. 

Quando uma criança nasce em uma família colorada, ela aprende desde sempre a identificar os símbolos do Inter. Ela sabe que o vermelho é a nossa cor e que o Beira-Rio é o nosso estádio. Que surpresa ela não terá ao ver a nossa casa colorida de azul? Que tipo de efeito isso terá na construção da identificação dela com o Inter? Quem desconsidera isso, acha bobagem, que vá estudar um pouco as ciências que tratam dos símbolos (linguística, semiologia, psicologia analítica e até psicanálise). Ou pergunte a uma colorada ou colorado que viu o maior time brasileiro de todos os tempos triturar adversários sempre jogando de vermelho nos 1970. Se tiver oportunidade, converse com alguma pessoa já na casa dos 70 ou 80 anos, que viu Larry Pinto de Faria inaugurar o Olímpico com 4 golos. E se encontrar alguém que viu o Rolo Compressor, ainda há pessoas desse tempo, pergunte com que cor o Inter entrva em campo e pergunte, sobretudo, que cores enfeitavam a velha praça dos Eucaliptos. 

Isso não é conservadorismo, isso é história! E a história do Inter é vermelha, como é vermelha a toca do Saci, nosso mascote, que esses que estão aí hoje de novo (Jorge Avancini e outros quetais) tentaram apagar há alguns anos (procure mais sobre isso aqui mesmo neste blog). 

Gente, quando o Beira-Rio anoitece azul na segunda-feira da semana do Gre-Nal, como é que a torcida vai exigir que os jogadores deem um pressão no árbitro que está nos metendo a mão dentro do nosso estádio? Quando começa a se naturalizar o uso de camisas de qualquer cor com o símbolo do Inter, como é que a torcida vai cobrar que os jogadores joguem o Gre-Nal com sangue? Que referência esses caras que chegam hoje no Inter vão ter para enfrentar o Grêmio se eles nem conseguem ter uma relação com o vermelho do Inter?

O mais triste disso é que o Inter como clube do povo vive na periferia, nas pessoas que tiveram alijado o direito de ir no Beira-Rio pelo preço dos ingressos e pela configuração teatral que ele ganhou depois da reforma. Essas pessoas, que vão nos bares pra ver o Ge-Nal, as crianças que jogam na rua chutando um chinelo ou uma lata de cerveja e simulam um Gre-Nal com a turma do Grêmio, quando chegarem no tempo de ir para uma peneira e se alguma tiver talento (ou quem-indique) suficiente para chegar nas categorias de base, vai ver que a camisa vermelha com que ela sonhou tantas vezes e que não pode ganhar, já não tem tanta importância e que tanto faz se ela usar uma camisa vermelha, branca, preta ou rosa, o que interessa é ser um "case de sucesso". E o sonho de ter o seu nome gritado por uma massa vermelha no Beira-Rio lotado, como ela ouviu falar que aconteceu com Fernandão, Valdomiro e tantos outros, dissolve-se, desbota-se, perde a cor. Pode haver tristeza maior do que frustrar o sonho de uma criança?

Alessandro Barcelos, sabemos que tu é colorado e que ao contrário da maioria dos dirigentes que tivemos até hoje, tu não não nasceu em berço de ouro e não tem "pedigree" que te garanta a permanência na política do Inter Mas essa turma que te acompanha... Tu não pode aceitar um vice-presidente de futebol que vai ao treino do time com camisa azul e dá uma entrevista coletiva sem nenhum sangue depois de tomar 3 do Grêmio dentro do Beira-Rio. Não, Alessandro, isso é demais! Bota esse cara pra correr!! Tu não pode aceitar dividir o comando do Inter com caras que querem acabar com o Clube do Povo, que não querem o Saci, não Alessandro! Sei que é difícil, que são muitos os elementos que compõem os contextos políticos e que gerir um clube do tamanho do Internacional é uma coisa extremamente complexa e que muitas vezes é preciso botar a razão na frente da paxão. Mas, por favor, veja para onde a tua gestão de almofadinhas engravatados está levando o nosso Inter. Esses caras estão se lixando para a nossa gloriosa história. Está nas tuas mãos entrar pra história como o presidente que acabou com o Clube do Povo ou retomar os caminhos da trajetória que nos levou a ser o Gignate que somos. Pensa bem, Alessandro, a história vai te cobrar. 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

O Inter das liminares: um clube entre o aparelhamento e a inadimplência (e nem se fale em censura...)

 

Dias atrás, em entrevista concedida ao jornalista Nando Gross*, o conselheiro e ex-dirigente do Internacional Roberto Siegmann fez uma série de acusações à chapa nº 5, que concorria ao Conselho de Gestão e ao Conselho Deliberativo, referindo-se especificamente ao candidato à presidência, que viria a ser eleito, Alessandro Barcellos, com adjetivos de carga negativa muito pesada, os quais nem vou reproduzir aqui para poupar os leitores e as leitoras. O conselheiro Siegmann, entretanto, não restringiu a sua verborragia à chapa 5, atacou também o Movimento O Povo do Clube, que, segundo ele, pratica má política no Internacional e tenta “aparelhar” o clube politicamente.

O DOUTOR Siegmann (pessoas como ele apreciam o tratamento reverencial) é notadamente um falastrão. Lembro que há alguns anos ele disse aos quatro ventos que teria comprovações de fraudes ocorridas na gestão do Internacional, falou em notas fiscais problemáticas etc., sem nunca ter apresentado tais provas. Se eram as que instruíram a ação penal em que alguns integrantes da gestão Píffero são réus não se sabe, o fato é que o ex-magistrado não fez prova das suas acusações. Agora, novamente o eminente político colorado diz coisas que não pode comprovar. E, mais do que isso, omite fatos importantes. Segue ao final uma lista feita de forma superficial e rápida a partir de consulta ao site do Internacional, em que constam os conselheiros e futuros conselheiros que têm alguma ligação com a política institucional. Nenhum desses nomes, repito, nenhum desses nomes têm qualquer vinculação com o Povo do Clube. Correligionários do Dr. Siegmann, pelo contrário, há diversos, inclusive o filho do Ministro Onyx Lorenzoni. Assim como não tinham qualquer relação com o Povo do Clube nomes que já integraram o Conselho Deliberativo, desde a época do patrono Ildo Meneghetti, passando pelo próprio Ministro Lorenzoni. 

Sobre lisura e probidade, conceitos tão caros ao Dr. Siegmann, há de ser lembrado que um dos apoiadores da chapa para o qual o nobre político do Internacional fez campanha já teve problemas com a Justiça quando exercia um cargo de secretário no governo municipal, tendo sido inclusive preso por isso. Estranhamente o ex-juiz trabalhista não se refere a ele nos seus vitupérios.

Diante disso, fica a pergunta: quem realmente pratica política deletéria no âmbito do Sport Club Internacional? Com a palavra o Doutor Siegmann, que, a propósito, teve garantido o seu direito político na última eleição por uma medida liminar, eis que estava inadimplente com o clube.


Conselheiros eleitos

Chapa 1

2- Sebastião Melo

5- Rubens Ardenghi

Chapa 5

17 – Carlos Eduardo Vieira da Cunha

35 – Rodrigues Marques Lorenzoni

Conselheiros com mandato vigente

Adão Villaverde

Afonso Motta

Alessandro Barcellos (presidente eleito)

Carlos Eduardo Vieira da Cunha (reeleito)

Celso Bernardi

Cláudio Sebenelo

Gustavo Paim

Luiz Fernando Zachia

Márcio Bins Ely

Rubens Ardenghi (reeleito)

Tiago Turra

Wambert Di Lorenzo



*https://www.youtube.com/watch?v=5xLPD2d5Zbc&feature=youtu.be&ab_channel=NandoGross

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Não sendo azul e não tendo a alma pequena, tudo vale a pena (do campo pra fora...)

 Capítulo 2 - Dos Símbolos 

Art. 3. As cores do Clube são o vermelho e o branco e seus símbolos são...

O Estatuto do Sport Club Internacional, que traz essa determinação, está disponível no site oficial do clube. Não vou fazer link porque um bom exercício para qualquer torcedor/a é visitar o site do clube, e como as coisas lá não são muito fáceis de achar, ao procurar o estatuto, pode ser que o/a pesquisador/a se depare com outras coisas interessantes.

Quem torce para o Vasco da Gama é vascaíno/a; quem torce para o Flamengo é flamenguista; para o Corinthians é corintiano/a; para o Cruzeiro é cruzeirense. quase sempre á assim. Nessa linha lógica, o nosso "gentílico" deveria ser Internacionalista. Mas não, é Colorado e Colorada. E por quê?

Como a conversa que proponho agora é destinada a colorados e coloradas, não vou entrar em pormenores históricos, porque nós, do Clube do Povo, vermelho desde sempre, temos a singular característica de ter interesse pela nossa história. Apenas os resgates necessários para dar coerência ao texto.

A escolha da cor se deu, segundo as fontes oficiais, em face de uma disputa entre Esmeraldinos, que queriam o verde, e Venezianos, que preferiam o vermelho. Esmeraldinos e Venezianos eram os dois grandes blocos de carnaval de Porto Alegre naquele início de século. E assim o Sport Club Internacional seria vermelho e isso por certo contribuiu muito para que se consolidasse universalmente o antagonismo entre vermelho e azul. 

O vermelho é uma cor associada ao movimento constante, à inquietude, à força que muda as coisas, e, também por essa razão, é a cor escolhida para simbolizar a Revolução. Vermelho é revolucionário. O Internacional é revolucionário. Não poderia, como se vê, ter sido escolhida melhor cor. 

Não haveria como identificar o clube de forma monocromática, por óbvio, e a ideia de ter uma cor principal, o vermelho, fez com que se escolhesse outra cor, que se poderia chamar auxiliar. Ao contrário de outros clubes, que são tricolores, quadricolores, até pentacolores (Veranópolis), o Internacional deveria ser bicolor e a melhor opção para destacar o vermelho seria o branco. Talvez, nessa discussão cromática, alguém venha dizer que branco é a mistura de todas as cores, que preto é a ausência de cor e todas essas questões que não têm nenhuma importância neste momento. O fato é que o Inter é desde sempre o clube alvi-rubro. 

Até os anos 1970, a questão do uniforme colorado era bem simples: camisa vermelha, calção branco e meia branca. Caso fosse necessário, se variava essa combinação, mas sempre a camisa branca (reserva) era exatamente igual à vermelha, apenas com as cores invertidas. Assim também com o calção e a meia. O distintivo, o escudo, este sim sempre foi vermelho e branco, só vermelho e branco. Ao longo da história ele foi variando quanto à forma, ao tipo das letras, no início com as letras vermelhas e o fundo branco, depois inverteu-se, o estilo do S C I se alterou um pouco, mas qualquer alteração sempre foi em cima do vermelho e do branco.

A partir dos anos 1980, as coisas começaram a se alterar em muitos aspectos no futebol. O mundo dos negócios entrou com força e até os símbolos dos clubes passaram por mudanças e adaptações. Nas camisas, hoje em dia, é até difícil achar o símbolo do clube, que fica perdido em meio a tantas marcas e logotipos. A camisa virou uma espécie de loteamento, vendem-se espaços nela, todos os espaços, desde a parte frontal, mais cara, claro, até a parte de baixo das mangas. Uma colcha de retalhos, quase literalmente. Mas o Inter continua sendo vermelho e branco. Os modelos de camisa também são os mais variados possíveis hoje. Os interesses dos patrocinadores fazem com que sejam lançadas duas ou até três camisas por ano. Sobre o preço que se atribui a elas nem quero falar...

O Inter continua vermelho e branco! O Inter continua vermelho e branco? 

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As causas sociais são importantíssimas. Conscientizar as pessoas é fundamental. Setembro Amarelo e Outubro Rosa são campanhas extremamente meritórias, por exemplo. Os clube de futebol, particularmente os de massa, têm obrigação de dar apoio a essas causas. E o Inter exerce notório protagonismo nesse engajamento. A Diretoria de Inclusão do clube, ocupada ineditamente pela minha amiga Najla, tem um trabalho bem bacana nesse sentido, junto com as iniciativas de torcidas organizadas, de outros coletivos e mesmo individuais (meu amigo Campão, minhas amigas Zita e Malu, e por aí afora). 

Assim, o Internacional lançar uma camisa em apoio ao Outubro Rosa, é muito válido e até necessário. E em nome da causa a que o dinheiro das vendas se reverte, até o fato do símbolo não ser vermelho e branco se releva. Esse tipo de roupa, promocional, se presta a uma certa descaracterização, principalmente, repito, quando a causa é nobre. Adaptando o poeta, não sendo azul e não tendo a alma pequena, tudo vale a pena. Há um limite, porém, que deve ser respeitado: o limite estabelecido pelo quadrilátero que isola o campo de jogo, que de tão sagrado nele só entram os jogadores ou as jogadoras e a arbitragem. Assim, toda a vez que o Inter entrar em campo, por pisar território sagrado para o futebol e, no caso do Beira-Rio, para o nosso povo, o uniforme deve ser vermelho e branco. Preferencialmente nessa ordem, mas em casos excepcionais, branco e vermelho. 

Ontem, porém, diante do Vasco da Gama, no gramado sagrado do Gigante da Beira-Rio, pela primeira vez na sua história, salvo esteja eu desinformado, o time do Internacional entrou em campo em uma partida oficial sem vermelho no uniforme. E, mais do que isso, sem vermelho e com calção e meia preta. A cor preta (e reforço que preto é cor nesse contexto) faz parte do uniforme do Grêmio e não faz parte do uniforme do Inter. Ou seja, além de descaracterizar o nosso uniforme, cujas cores estão previstas no estatuto, como se vê lá no início, o Inter entrou em campo ontem com uma cor associada ao Grêmio. Profundamente lamentável! 

Sei que sou uma voz quase isolada nesse lamento. Quase e não totalmente isolada porque meus amigos Thiago e Rodrigo, ao menos, pensam da mesma forma. E seremos chamados de anacrônicos, de conservadores, de puristas, talvez até outros adjetivos menos elegantes, mas é o preço que se paga por ter opinião diversa. 

E..T.: a camisa rosa é muito bonita e eu vou tentar comprar uma (lembrando que não entro em campo pelo Inter...).

Por Rodrigo Navarro

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Crise? Resolvemos!

 O Inter é o maior aliado do Grêmio nos últimos tempos! Essa afirmação é autoexplicativa para quem acompanha o futebol daqui. Mas acho melhor aprofundar um pouco.

Comecemos pelos fatos mais recentes. Na última sexta-feira, o Grêmio convocou uma entrevista coletiva, a fim de que o presidente do clube e o treinador pudessem falar sobre o que estaria se constituindo como uma crise para os lados da zona norte. Durante quase duas horas, segundo os relatos que ouvi, a institucionalidade tricolor tratou de desconstituir a narrativa de caos. Ouvi algumas partes da entrevista, particularmente nas falas do técnico (sim, gosto de manter minha irritação em níveis altos em véspera de GreNal). Arrogância, prepotência e uma certa desconexão da realidade são coisas que não podem faltar nas falas de alguém que manda construir estátua em homenagem própria. E, como é costume, alfinetadas no Inter. 

No retrospecto recente, o Inter andava um pouco melhor, mas os últimos resultados apontavam um certo equilíbrio por baixo. Eles empatando e perdendo para times fracos e nós entregando vitórias quase garantidas e eventualmente perdendo para os que vão disputar a metade inferior da tabela. Ou seja, crise configurada de um lado e ambiente inseguro do outro. Depois do último jogo pela Libertadores, em que o tricolor deveria ter saído de campo amargando uma derrota histórica (se tomasse 8 ou 9 a 0 a conta estaria bem), as notícias de lesões complicavam ainda mais as coisas do lado de lá. Chegou a se falar em algum momento que eles não teriam zaga para botar em campo no GreNal. Ou seja, se afigurava o GreNal perfeito para uma vitória Colorada, com o consequente agravamento da crise azul. 

Entretanto, como parece ser a sina vermelha nos campeonatos brasileiros, no fim de semana perdemos mais uma vez para um time que, com muita boa vontade, pode ser considerado fraco, o Fortaleza. Do outro lado, um empate arrancado à fórceps no apagar das luzes, que, mesmo sendo contra o Palmeiras, expunha as deficiências do time treinado pelo fanfarrão "carioca". E com esse contexto entramos na semana GreNal. E a semana GreNal é sempre tensa e cheia de expectativas. Apesar disso, a torcida Colorada deu provas de apoio ao time no episódio do barco no treino. Ou seja, a torcida estava confiante.

O técnico do Inter tratou de esfriar os ânimos da torcida quando decidiu levar a campo um meio campo com Rodrigo Lindoso e Damian Musto e um ataque com Marcos Guilherme. Além de novamente escalar um zagueiro jovem, que pode ser promissor, mas ainda não tem a estatura do GreNal (Zé Gabriel), em detrimento daquele que compôs com o Victor Cuesta a melhor zaga do futebol brasileiro no ano passado, Rodrigo Moledo, que, a propósito, nos últimos jogos vem sendo utilizado como uma espécie de reencarnação do gigante Escurinho, entrando nos cinco minutos finais e como centroavante (coisas do nosso genial treinador...). Com essa escalação, a expectativa de que o meio de campo fosse como um latifúndio improdutivo e a "jogada" principal fosse o balão, na tentativa mágica da ligação direta dar certo, se tornou quase uma certeza. E se confirmou. No primeiro tempo o Inter teve maior posse de bola. Resultado prático? Zero! As estatísticas vão mostrar que o Inter teve um percentual altíssimo de passes certos, mas como estatística trabalha com quantidade e não com qualidade, nenhum desses passes teve objetividade e resultou em jogada perigosa. É assim em todos os jogos, invariavelmente são passes de meio de campo, com bola circulando de um lado para o outro até que seja recuada para o Cuesta ou mesmo para o Lomba, que ontem foi bastante acionado para isso, e tome balão pra ataque. Enquanto isso, o único jogador capaz de dar um passe de 50 metros com qualidade, assistia tudo do banco (falo do brasileiro D'Alessandro, claro). 

Terminado o primeiro tempo nesse circo de horrores, era de se esperar que o time voltasse modificado do vestiário. Esperança vã. Voltamos com a mesma escalação e sem sequer uma mudança de postura em campo. O gol do Grêmio até que demorou a sair e veio numa jogada em que o "sólido" meio-campo colorado, formado por dois marcadores (e sem nenhuma criatividade), deixou um jogador que até então estava absolutamente apagado em campo, ter todo o espaço do mundo e chutar. Um chute defensável, que mostra que a instabilidade do time contaminou até o antes excelente Lomba. Aí o nosso estrategista acordou e fez algumas trocas. Sobretudo, botou o D'Alessandro em campo. Mesmo com pouquíssimo tempo, foram nesses dez minutos finais, e com um meio de campo qualificado, que o Inter conseguiu algumas chances de gol e, como as coisas estavam feias mesmo, faltou também um pouco de sorte, porque duas ou três bolas que rasparam o poste poderia ter entrado. 

No final, mais uma festa do jogador de futvôlei carioca e sua trupe dentro do Beira-Rio. Festa que se repete não por mérito deles, mas porque o Inter parece ter assumido com orgulho o papel de bombeiro da Arena OAS. Tem crise lá? Chama um GreNal que fica tudo resolvido. Eu queria muito ver isso por um lado positivo, algo do tipo: bom, agora eles vão acordar e o Inter vai melhorar. Mas não tem existe esta perspectiva alentadora. Enquanto a direção parecer estar mais preocupada em perseguir a própria torcida e puxar o saco do fascista, que eles certamente ajudaram a levar para o Planalto (lembram da camisa presentada, branca, porque o cara não gosta de vermelho?), vamos continuar desempenhando com galhardia (perdão pelo trocadilho) a nobre função de resolver as crises tricolores. 

Por Rodrigo Navarro

terça-feira, 27 de junho de 2017

Os 10 (milhões de) Pillas

Mais uma vez o Internacional fez história. E a história de uma instituição popular é por natureza revolucionária. Então, o que ocorreu ontem à noite no Salão Nobre do Conselho Deliberativo foi uma revolução. E talvez não seja mero acaso que isso tenha acontecido justamente num dos ambientes ainda conservadores do clube. Sim, o Conselho Deliberativo do Internacional é um ambiente conservador e elitista, embora esse perfil esteja passando por uma mudança drástica nos últimos anos, desde que um grupo de torcedores e torcedoras, forjad*s no cimento do Beira-Rio, ousou invadir aquele recanto dominado pelas famílias tradicionais e pelos senhores e (poucas) senhoras que representam a "fina flor da sociedade esportiva gaúcha" (ouvi essa expressão certa vez numa reunião!). A partir de então o hino do clube começou a ser cantado a plenos pulmões dentro da sala e a voz das ruas, do povo vermelho, começou a ter eco naquelas paredes.

Não vou aqui me deter a um resgate de tudo o que já aconteceu de... diferente, digamos assim, no âmbito político do Internacional desde o final de 2014. Quero dizer do que aconteceu ontem. E ontem foi uma noite que encontra paralelo em importância com aquele dia em que alguns revolucionários se reuniram na volta dos Campos da Várzea e decidiram criar um clube. Não um clube qualquer, mas um clube que proporcionasse que eles pudessem se dedicar à sua paixão, o foot-ball, já que outras sociedades que já existiam na cidade eles não estavam autorizados a frequentar, ou por não terem origem germânica, ou por não terem a cor da pele tão clara que não desse margem a dúvidas quanto às suas origens, ou por qualquer outra razão excludente. No começo do século 20, então, nascia o Sport Club Internacional, sob a égide do universalismo e da não segregação, e com a cor vermelha, que era, e é, a cor da revolução.

Fazendo um salto de quase cem anos, chegamos a uma época em que se decidiu - não expressamente, claro, pois raros são os canalhas que escancaram a sua estupidez - que a torcida colorada deveria mudar o seu perfil. Já não havia mais espaço para aquele/a torcedor/a humilde, que fazia pesadas economias apenas para poder ver o seu time jogar no domingo. Aquele/a torcedor/a que muitas vezes ficava pela rua depois do jogo por não ter dinheiro para voltar para casa, então emendava o começo da jornada semanal de trabalho ao prazer de ver o seu time destruir os adversários na sua casa. E o time invariavelmente correspondia. E foi assim que passamos de um clube citadino a uma expressão estadual, depois a um dos grandes do país e daí para o mundo. E se é verdade que quando conquistamos o mundo definitivamente a saudosa coreia (sim, saudosa) já não existia fisicamente, é inegável que o seu rugido (para usar um termo ao gosto de um ex-dirigente) ainda ecoava e apavorava os adversários. Apesar de já não poder mais ficar ali do ladinho do campo, de pé, na chuva e no sol, o povo da coreia insistia em levar o Inter a feitos relevantes, polindo o brilho eterno de um grande campeão. Só que depois de desmentir o astronauta e mostrar que a Terra é vermelha, o Clube do Povo resolveu implementar efetivamente um processo que já se ensaiava nos bastidores e nos gabinetes do Gigante da Beira-Rio e voltou às costas ao... povo. A consequência disso estamos vivendo hoje e não vou entrar nos pormenores desse assunto.

Voltando à noite de ontem, apesar das resistências, motivadas por interesses não muito claros ou apenas pelo pensamento elitista, pelo egoísmo, pela arrogância e pela prepotência que nos levaram à situação que vivemos hoje, apesar dos discursos anacrônicos e virulentos,  mofados e atolados de preconceito, apesar dos deboches, das descontextualizações, das manipulações e das tentativas de desqualificar e desvirtuar um projeto que teve origem na raiz mais profunda e vital do Internacional, que é o seu povo, o Conselho Deliberativo aprovou o projeto de associação popular, originalmente concebido sob o nome de Sócio Clube do Povo. Não por acaso, certamente, *s que se manifestaram contra, ontem e desde sempre, são justamente *s fiador*s desse projeto maldito que levou o Inter a um lugar que não é dele. Mas el*s foram vencid*s ontem. O povo *s abateu!

Aqui devo fazer uma digressão de cunho pessoal para explicar o que a aprovação deste projeto representa para mim. O elemento que consolidou a minha participação no Povo do Clube, eu que nunca pensei entrar na vida política do Inter, foi o Parque Gigante e quase sempre a minha presença no Movimento foi associada ao nosso clube social. Isso é motivo de muito orgulho para mim, porque vivi boa parte da minha vida lá na beira do rio e vi minhas filhas crescerem correndo e se divertindo naquele espaço maravilhoso. Só que a luta pelo Parque Gigante eu já travava paralelamente ao Povo do Clube, a bem da verdade antes mesmo da existência do Movimento. Assim, não seria esse o motivo isolado que me faria aceitar o desafio de encarar o ambiente hostil da política clubística que é, em muitos aspectos, ainda mais selvagem que o da política institucional. Havia uma causa mais ampla, havia o Churrasco do Povo, que foi o evento em que me foi apresentado o Povo do Clube, pelo meu amigo Flávio. Por questões filosóficas, hoje quase não como carne e parece uma grande bobagem dizer isso neste momento, mas preciso para deixar claro que churrasco é algo que transcende a ideia do espetáculo, que hoje considero triste, de pessoas se regozijando em torno de uma vida abatida ardendo no fogo. Concepções filosóficas à parte, churrasco não se resume a isso, é algo que traz a ideia de congregação, de reunião de amig*s, de alegria de festa, aliás, de paz, povo e festa. Isso é um churrasco, na mais atávica tradição do sul do planeta. E o Churrasco do Povo amplia esse sentimento de união, mas a ele alheia um componente de irresignação, porque representa a resistência do excluídos, dos que fiaram de fora da festa. E por trás do Churrasco, e nele mesmo, está sintetizada a essência do que é o Povo do Clube. E essa essência é o que me fez mergulhar nessa história.

O resgate da identidade popular do Inter, a reconciliação do clube com a sua história, a volta do povo ao Beira-Rio, então, é o que define a existência do Povo do Clube. E é também o que definiu a única possibilidade que vislumbrei de participar ativamente da vida política do clube. E nesse contexto, o Projeto Sócio Clube do Povo era como que um cavalo de batalha, o estandarte principal do Movimento. As tentativas frustradas de levar em frente o projeto eram verdadeiros baldes água fria nos ânimos da nossa gente. Mas muitas vezes um banho de água fria serve apenas para reativar a circulação do sangue, vermelho, por óbvio, fazer com que ele comece a ferver nas veias novamente e nos motiva a seguir na luta, com força redobrada e ainda mais vontade de redimir injustiças, como um Cavaleiro Andante, um Quixote que não se entrega ao poder dos moinhos de vento (talvez Moinhos de Vento?).

Por diversos motivos, todos eles pródigos em promover correrias e atropelos, me afastei da rotina diária das lutas políticas do Inter. Entendi, em certo momento, que deveria direcionar meus esforços para outras causas, não porque fossem maiores ou mais importantes, mas pela urgência e pela certeza que havia muita gente para levar em frente os meus ideais no Povo do Clube. E não errei. Havia, e há, gente grande trabalhando nessa causa. Poderia, talvez até devesse, citar aqui os nomes das pessoas que representam da maneira mais explícita esses ideais e carregam a essência do Povo do Clube  - e aqui falo não do Movimento, mas da causa -, mas não vou fazer isso, para não cometer injustiças, sim, mas principalmente porque eu tenho certeza que tod*s *s companheir*s se sentirão contemplados se eu referir apenas um nome: CRISTIANO PILLA PINTO. Eu não vou dizer que o meu amigo Pilla é o maior colorado que eu conheço, porque não há colorados maiores ou menores. Não para quem tem o Inter no sangue e no coração. Mas eu vou dizer que o Pilla representa a síntese de tudo o que eu acredito e de tudo o que eu sonho para o Inter. E vou dizer que, tenha o nome que tiver, e o respeitarei se for escolhido pelo povo colorado, esse projeto que foi aprovado ontem, e que vai ser aprimorado, esse projeto que representa o resgate de uma história e um exemplo que deve ser seguido, nas palavras do jornalista Mauro Cezar Pereira, vou dizer que sempre vou pensar nesse projeto como SÓCIO CLUBE DO POVO. Mas também vou dizer que o momento mais emocionante pra mim ontem foi quando o presidente da Mesa usou uma expressão que eu ainda não tinha ouvido, por não estar ativo nas discussões e debates ultimamente, mas que sintetiza tudo o que eu estou sentindo neste momento: OS DEZ PILA DO PILLA!


Te agradeço pela brilhante defesa que fez do projeto ontem, por nunca ter desistido dele e, principalmente, por nunca ter deixado que eu desistisse dele. Em nome do Beleza, do Zecão e de todos e todas os/as colorados que vão começar a voltar pra casa, mesmo que seja em espírito:

Obrigado, Pilla!