NOTA DE ESCLARECIMENTO INICIAL

Somos COLORADOS e estamos preocupados com os rumos do CLUBE DO POVO. Por isso criamos este blog. Nosso maior objetivo é resgatar a alma do Sport Club Internacional, cujos alicerces estão fincados nas classes populares, que sempre deram sustentação e transformaram o INTER no GIGANTE que ele é.


O Inter NÃO nasceu em 2002!!!



segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A DITADURA DOS "MAIS" COLORADOS

Após o jogo de ontem, tomei a decisão de não escrever, não debater, não comentar, enfim, de me abster de falar sobre as mazelas do Internacional neste momento. Comentei essa decisão com o Álvaro. Entretanto, diante do que tenho visto, lido, ouvido nos últimos tempos, e particularmente frente ao que andei lendo hoje, achei que seria interessante flexibilizar a minha decisão.

Há um clube no Brasil, que está sediado na periferia do centro econômico do país, que, apesar disso, foi Campeão do Mundo jogando contra o time mais poderoso do planeta, que tinha no seu elenco estelar o melhor jogador do mundo na época. Antes disso, este clube protagonizou uma façanha jamais repetida, conquistando o título do campeonato mais difícil e disputado do futebol mundial sem perder nenhum jogo. Este é o clube que surgiu sob a égide do pluralismo, e que, antes de qualquer outro, aceitou nas suas fileiras pessoas de qualquer cor, etnia, credo. É o clube que tem um time que ganhou um nome, Rolo Compressor, que ainda hoje emociona os seus e assusta os adversários. Pois é para este clube que nós torcemos. E quando eu digo nós, estou me referindo a todos os Colorados. Desde o poderoso magnata até o mais humilde morador da favela, que não tem nenhuma condição de se associar, embora de algum tempo para cá esta condição de associado pareça estar definindo a qualidade do torcedor: sócio é Colorado, não-sócio é uma subcategoria, eis o pensamento da gestão.

Pois é incrível que torcedores desse clube glorioso, que ousam não gostar de perder 4 jogos na sequência; que ousam reclamar de abandonar a disputa pelos primeiros lugares na tabela desde o começo do segundo turno do campeonato; que ousam achar que não está certo perder para os candidatos ao rebaixamento, inclusive em casa; que ousam se sentir incomodados por chegar na última rodada estando a quase duas dezenas de pontos de distância de um clube bi-rebaixado; esses torcedores que acham estranho que a direção do clube proíba a exibição de faixas contendo críticas ao estado atual; que não entendem como pode um vestiário derrubar tantos técnicos; que não aceitam a passividade da presidência e seus assessores; que não admitem a ideia de que um clube que investe quase dez milhões de reais mensalmente na folha de pagamento não esteja disputando o título na última rodada; esses torcedores são chamados de corneteiros ou secadores pelos que se acham os "verdadeiros" Colorados.

O que vocês estão pensando, senhores defensores do "apoio incondicional"? Que são mais Colorados do que nós, que não estamos felizes com o que está acontecendo no Clube do Povo e que não temos medo de externar nossas ideais? Não estou falando do clube do ódio, que critica tudo e todos, para quem nada está certo nunca. Esses são quase folclóricos e a própria torcida se encarrega de abafar-lhes a voz. Estou falando de COLORADOS, sim, nós somos COLORADOS tanto quanto os senhores, que não se resignam diante daqueles problemas referidos e outros muitos que estão evidentes na administração do Inter. E, infelizmente, não estou falando das eleições que se aproximam, pois estou cada vez mais convencido que o Conselho Deliberativo do Sport Club Internacional não é mais do que um órgão de figuração. Entendo que a torcida do Inter, e friso que não estou falando apenas dos sócios e clientes (é assim que o marketing do Inter se dirige aos sócios), deve, APÓS O gre-NAL, sair às ruas, procurar a imprensa, usar as redes sociais, enfim, deve usar todos os meios de que dispuser para concretizar ações que busquem recolocar o clube nos trilhos das suas glórias, tirando-o da posição coadjuvante que nos foi relegada neste 2012. Se os senhores veem as coisas de modo diferente, devem ser respeitados por isso, mas não venham querer se alçar à condição de "mais" Colorados. Respeitem as nossas posições como nós devemos respeitar as suas. Ou talvez passemos a chamá-los de secadores por entendermos que os senhores querem a manutenção desse estado caótico em que se encontra o futebol do Inter...

A História nos mostra ao longo dos tempos que não há conquistas sem lutas, sem irresignação, sem discordância. Concordar com tudo o que vem da cima pelo simples fato de que devemos apoiar os nossos representantes é uma forma no mínimo estranha de postular o crescimento do clube. É preciso reclamar, protestar, manifestar a indignação. Como justificar a entrevista de um jogador como D'Alessandro, que já nos deu tantas alegrias, ao final do jogo, dizendo que o ano acabou, que é preciso sair em férias e projetar 2013? Como assim?? Nós temos pela frente o jogo mais importante do ano e um dos mais importantes da história! Precisamos fechar o cadeado no campo da Azenha/Medianeira com a mesma chave que abrimos aquela porteira há mais de meio século.

Vamos apoiar o time no gre-Nal? Sim, obviamente, eu inclusive vou ao Olímpico. E lá não vou vaiar, não vou fazer nada que possa tumultuar o ambiente Colorado, por isso, a propósito, a minha decisão que referi no início. Só que não vou admitir ser chamado de corneteiro e secador por quem parece estar contente com tudo o que está acontecendo!

Por favor, senhores apologistas do apoio incondicional, apoiem, como nós o faremos, incondicionalmente o time no próximo domingo, mas não queiram calar a voz daqueles que propõem uma reação contra a maneira como o clube está sendo administrado.Vocês não são Colorados do que nós!

 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Da esquerda pra direita: Giovanni Luigi - Giovanni Luigi

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

MINUTO DE SILÊNCIO

Eu tinha um tio, ex-atleta e ex-conselheiro do Inter.

Assim foi chamado pelo Aleco Mendes, antes da partida contra o Corinthians, no dia 18/11/2012, no minuto de silêncio dedicado a ele.

Esse meu tio infelizmente veio a falecer nesse fim de semana, depois de lutar, por anos, contra um câncer.

Meu tio Jaime, assim como o resto da minha família, ajudou a eu formar meu amor pelo Sport Club Internacional

Entretanto, devo a ele uma parte fundamental do meu coloradismo (e a minha futura formação acadêmica)

Meu tio era um corneteiro MORDAZ

Do time, vencedor ou não. Da direção, vencedora ou não

Uma espécie de Cláudio Cabral com esteróides;

Meu tio jamais fez vistas grossas para o que estava de errado com o time, mesmo nos tempos onde os títulos porejavam. Especialmente pras mamatas, panelinhas e corpo-mole de jogador.

Lembro de ter ficado perplexo ao vê-lo reclamar do time, logo após a Libertadores de 2006. Não tardava muito e eu e uma grande parcela da torcida se juntava ao coro de "Ei Abel tira o Michel" no início de 2007.

Particularmente, minha consolidação como corneteiro veio no ano de 2008, quando Tite conseguia a façanha de perder pro Ipatinga com, provavelmente, o melhor Inter no papel dos últimos tempos e eu era feroz crítico da postura medrosa do time, embora grande parte da torcida renovou votos de confiança pela direção pelo título da Sul-americana (que o Tite fez infinita força pra perder. Obrigado Nilmar! Mil vezes obrigado!)

Tio Jaime deve ter sido chamado de secador muitas vezes, especialmente porque tinha bom relacionamento com membros da chamada "oposição" no clube (se é que isso já existiu depois de 2002)

Eu já pensei isso dele em certa feita.

Peço desculpas

Ele só era mais um cara que estava preocupado com o clube, tal qual eu estou DEMAIS enquanto digito esse texto, e talvez  você, que lê do outro lado da tela.

Ironía do destino que, no dia em que tu fostes homenageado dentro do estádio que tu me ensinou a respeitar, a caixa de gordura entope, com a podreira que tu descrevias com minúcia.

Descanse em paz, mas nem tanta porque não é do teu feitio.

E obrigado.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

DEMOCRACIA DE FICÇÃO

Em tempos de Feira do Livro, a eleição presidencial do Internacional poderia ser uma obra coletiva de ficção que estivesse entre as mais vendidas do evento. O que aconteceu ontem, caso não se tratasse da história de um clube centenário, com milhões de torcedores espalhados pelo mundo, poderia ser considerado uma brincadeira de mau gosto.

Algumas coisas ficaram absolutamente claras a partir da reeleição de Giovani Luigi:

1º - o Internacional voltou a ser uma espécie de feudo, em cujo poder se revezam de forma rotativa homens (e agora uma mulher), que se julgam donos do clube;

2º - não há NENHUMA oposição à gestão e isso restou cristalino das palavras do presidente reeleito ao final do pleito. Perguntado pelo repórter da rádio Guaíba sobre o fato da reeleição ter sido garantida garantida pela hegemonia no conselho Deliberativo, conquistada na última eleição proporcional, ele rechaçou  de pronto essa ideia, dizendo que se estivesse se mantido o quadro estabelecido na eleição para o CD, hoje a sua chapa teria dificuldades até mesmo para ultrapassar a cláusula de barreira. Isso só foi possível, segundo o presidente, pela adesão de vários grupos à sua chapa. Grupos esses que, imagino, seriam de oposição. Para não deixar dúvidas, basta ver que a mulher que conquistou o honroso posto de primeira vice-presidenta do clube, há bem pouco tempo era uma das expoentes do movimento que se diz oposicionista;

3º - o Conselho Deliberativo é um órgão figurativo, sem nenhum tipo de poder no clube, exceto aquele de conferir uma certa legitimidade, também ficcional, à eleição presidencial, que visa a mascarar o sistema pelo qual de fato se exerce a governança do outrora Clube do Povo: uma autocracia absoluta.  

O Internacional está trilhando um caminho muito perigoso, que o está afastando cada vez mais das suas raízes populares. A elitização vem se consumando há algum tempo e o pleito que reelegeu atual gestão é reflexo disso. Perdemos uma grande chance de estar novamente na vanguarda, proporcionando a maior eleição presidencial de um clube na história do futebol mundial. Houvesse o chamado voto no pátio, mais de 75 mil Colorados poderiam escolher o novo presidente. Entretanto, o medo de "perder o poder" (explico as aspas adiante), fez com que se engendrassem uma série de manobras, dentre as quais a principal foi a suposta fragmentação do grupo diretivo. Perguntado se o ex-presidente Vitório Píffero poderia ocupar um cargo na gestão, especificamente como vice-diretor de futebol, o presidente reeleito tergiversou e falou em união dos Colorados. União ou acordão pré e pós-eleitoreiro?

Escrevi perder o poder entre aspas porque entendo que de nenhuma forma isso aconteceria. Como eu disse,não vejo oposição no clube. O ex-presidente Fernando Miranda definiu com muita precisão o quadro político que se estabeleceu para esta eleição presidencial. Ele disse que as três chapas poderiam estar fundidas numa só, pois todas elas eram absolutamente idênticas. Se retomarmos a ideia de que a reeleição foi garantida pelo apoio de conselheiros e movimentos "oposicionistas dissidentes", não há como contestar a a afirmação do Miranda.

Logo adiante teremos eleição para a renovação de 150 membros do Conselho Deliberativo. O candidato Luís Antônio Lopes disse que é preciso o sócio decidir entre manter a situação atual, que impede a realização da eleição presidencial no pátio, e uma renovação no Conselho. Fiquei muito curioso para ver a nominata da chapa do conselheiro Lopes e avaliar em que grau poderá se dar a "renovação" do CD. Todavia, não preciso esperar o lançamento oficial das chapas para afirmar sem medo de errar que NÃO HAVERÁ NENHUMA RENOVAÇÃO! O que era para ser um ar renovatório no CD, que foi a eleição de alguns integrantes de movimentos que estão na origem do Convergência Colorada, foi uma experiência absolutamente frustrada, seja pela cooptação de membros pela direção (relembrando a atual vice-presidenta), seja pela inércia dos conselheiros que se mantiveram numa suposta posição de oposição. Os movimentos novos sucumbiram diante de um projeto de união, ou convergência, que se transformou num bloco de oposição ineficaz, que acabou por ceder nomes importantes para a gestão. A minha experiência política não vê com bons olhos esse tipo de "oposição".

Fala-se em oposição consciente e propositiva. A consciência é algo subjetivo, mas a proposição eu não consigo ver. O clube afunda no futebol, as denúncias de graves problemas (caso das notas fiscais levantado pelo Siegmann) são abafadas, a torcida é impedida de manifestar seu descontentamento (episódio da manifestação no Parque Gigante), os sócios deixam de ter participação ativa na política do clube (eleger conselheiros, como se vê, é algo como se os ingleses pudessem eleger o rei), e por aí afora.

Realmente é preocupante o rumo do (praticamente ex) Clube do Povo.

Preparemo-nos para a volta do Celso Roth...