NOTA DE ESCLARECIMENTO INICIAL

Somos COLORADOS e estamos preocupados com os rumos do CLUBE DO POVO. Por isso criamos este blog. Nosso maior objetivo é resgatar a alma do Sport Club Internacional, cujos alicerces estão fincados nas classes populares, que sempre deram sustentação e transformaram o INTER no GIGANTE que ele é.


O Inter NÃO nasceu em 2002!!!



sexta-feira, 15 de abril de 2022

Nossa camisa não será vermelha. Ou: um tucano no Beira-Rio

Há tucanos sobrevoando o Beira-Rio. A bem da verdade, eles já fizeram seu ninho na casa do povo colorado. Tucanos, como se sabe, são loucos por vender o patrimônio público. Sugiro a leitura de "O princípe da privataria" e a "Privataria tucana". Mas aqui não falo do que fizeram no braZil, mas sim do que estão fazendo no Inter. 

No começo da segunda década deste século, este blog estabeleceu um debate, que teve repercussão entre cronistas consagrados, como Hiltor Mombach e Wianey Carlet, quando o então vice-presidente de marketing, Jorge Avancini, tentou tirar o Saci da nossa história. A alegação foi a mais repugnante que se poderia imaginar: o cachimbo do Saci se associava ao consumo de drogas (crack, segundo o gênio do marketing) e o fato de não ter uma perna sugeria a imagem de uma pessoa perdedora, e isso não era bom para as crianças coloradas. Se alguém tem dúvida que isso possa ter acontecido, é só ir na pesquisa aqui do blog e vai acompanhar o caso. Vencemos aquela guerra, porque há alguns anos, por ocasião de uma reforma estatutária, o Movimento O Povo do Clube conseguiu aprovar uma emenda que instituiu o Saci como mascote oficial do Inter. Com o Saci ninguém mexe mais. Algum tempo depois, o sr. Avancini abandonou o Inter e foi ganhar dinheiro com suas ideias em outras paragens, parece que andou pelo Bahia. Até que no ano passado, ele voltou. Voltou e é de novo o chefe da propaganda do Internacional.

Durante a rebaixada e, segundo o Ministério Público, criminosa gestão Vitório Píffero, o processo de descaracterização do Inter esteve a pleno vapor. O lema "Clube do Povo", que depois também seria erigido ao status estatutário graças ao Povo do Clube, foi apagado de todos os espaços do Beira-Rio, e o nosso estádio virou palco de jogos de futebol americano (ou algo parecido), animação de cheerleaders (ou algo parecido) e até de shows de gremistas empedernidos, como Renato Borghetti (ou alguém parecido). Também foi por essa época que começaram a aparecer com força as camisas de cores estranhas ao vermelho. Já durante a gestão Marcelo Medeiros, na qual o atual presidente ocupou os cargos de vice de administração e de futebol durante mais ou menos três quartos do tempo, o presidente da  república, que representa tudo aquilo que é contrário ao povo, foi presenteado com uma camisa do Inter. Branca, porque o fascista não usa vermelho. Acerca de fascismo, a propósito, pessoas com trânsito na gestão Medeiros empreenderam um combate ferrenho aos grupos que se identificavam como colorados e coloradas antifascistas. Hoje entende-se a razão...

Recentemente, o Beira-Rio foi colorido de azul no começo da semana de um Gre-Nal. Depois, a pedido da prefeitura do conselheiro colorado Melo, para comemorar o aniversário de Porto Alegre, foram acessas luzes de diversas cores, em alusão ao logotipo criado para os eventos festivos. Poucos dias depois, no aniversário do Inter, as luzes tinham as cores da bandeira do Rio Grande do Sul. 

O Inter já entrou em campo com um camisa rosa e de meias pretas, com uma camisa preta, antes disso com uma camisa dourada, enfim. Para não esquecer: a cor do Inter (ainda) é o vermelho...

Agora vejamos o que vem acontecendo nos últimos tempos com o futebol: goleada vexatória diante do Fortaleza; três pontos acima do primeiro rebaixado, que, por sinal, foi o Grêmio, que depois nos aplicaria um impiedoso 3 a 0 em pleno Beira-Rio; eliminação da Copa do Brasil pelo inexistente Globo, que depois ainda nos tocaria uma flauta pela derrota no Gre-Nal; empate com um time que disputa as últimas posições do campeonato equatoriano, depois de fazer 2 a 0; empate no Beira-Rio com um clube fundado há 5 anos e que nunca havia saído do Paraguai. Isso para não falar da dispensa do Campeão do Mundo, Abel, para a contratação do estagiário das Ilhas Canárias. Aliás, o Beira-Rio virou laboratório de teste para treinadores neófitos. 

Tudo isso vem acontencendo e a mim parece bem claro que há uma explicação que nada tem a ver com mera inabilidade para gerir o futebol, que de fato existe, mas parece ser proposital. Examinemos a composição do Conselho de Gestão: Dannie Dubin (empresário), Arthur Caleffi (empresário), Luiz Carlos Ribeiro Bortolini (empresário) e Humberto Cesar Busnello (empresário). Quem dessas pessoas tem algum histórico no futebol? Algum deles têm alguma formação importante em qualquer área relacionada ao futebol? O próprio presidente Alessandro Barcellos não tem nenhuma ligação anterior com o futebol. Como homem público que sempre foi, tendo ocupado cargos de destaque, alguma vez nas suas aparições se apresentou como colorado? No futebol temos o sr. Emílio Papaléo Zin, magistrado (e dizem que muito competente). Mas e de futebol entende algo? Não parece. O certo é que não entende nada da história do Inter, pois se entendese evitaria ir aos treinos no CT vestindo azul... Sobre o marketing já falei, sr. Jorge Avancini, mas acho importante, também, referir a presença do mega empresário Delcir Sonda no Conselho Deliberativo. 

Gente, me desculpem, mas parece cada vez mais evidente que o interesse dessa turma é privatizar o Inter, transformar o clube numa SAF - Sociedade Anônima do Futebol. O Cruzeiro, de tantas glórias no futebol brasileiro, foi à lona e virou SAF. O Vasco, com uma lindíssima história popular e de resistência, anda às voltas com a segunda divisão há tempos e virou SAF. O Botafogo, de Nílton Santos e Garrincha, já é questionado há muito como um dos grandes do futebol brasileiro e virou SAF. Coritiba, América Mineiro, Chapecoense, Atlético, ops, Athletico PR, são outros clubes que viraram ou vão virar SAF. 

Alguém ganha muito com a privatização de um clube. Se é um clube de enorme apelo popular, como o Inter (Clube do Povo, lembram?), esse alguém - ou esses alguéns - ganham muito mais. Ora, mas como é que se vai conseguir tirar um clube que tenha uma torcida desse tamanho e uma história popular dessa natureza das mãos do seu povo? O primeiro passo é afastar o povo do clube (sem trocadilho). Isso, como vimos vem sendo feito há algum tempo. E nem falamos da elitização do estádio, da transformação do Beira-Rio numa espécie de teatro, com instalações de teatro e preços de teatro. Uma vez que a massa popular esteja se distanciando do clube, o segundo passo é o futebol, que é a razão do clube e o motivo da paixão da torcida, ir mal. Pegando apenas o exemplo do Cruzeiro, depois de dois anos na série b, o investimento privado foi apresentado como a solução para os problemas. Até agora não deu certo, pelo jeito... É uma equação bem simples: futebol afundando, torcida se afastando e finanças quebrando. Com esse quadro, o investimento externo surgirá como uma tábua de salvação. E aí, coloradas e colorados, torceremos para o Sport Club Internacional Sociedade Anônima, ou, por que não?, para o Esporte Clube Internacional Sociedade Anônima. E nossa camisa finalmente não será mais vermelha. 

Podem me chamar de paranoico, dizer que sou afeito a teorias conspiratórias, digam o que quiserem, mas peço apenas que guardem este texto. 



  

domingo, 20 de março de 2022

Alessandro, acorda enquanto é tempo!

Anacrônicos, conservadores e até secadores, são algumas das acusações que recebemos quando nos insurgimos contra o Inter entrar em campo para uma partida oficial usando uma camisa preta. Antes disso, quando criticamos a desastrada ideia da torcida mista, fomos acusados de incentivar uma rivalidade retrógrada e fomentar a violência. Quando dizemos que é um exagero, até porque não tem nenhum efeito prático, colorir o Beira-Rio de cores diversas em alusão a datas especiais (dia de combate ao câncer etc.), dizem que somos clubistas alienados das causas sociais. 

Pois bem, a noita de segunda-feira viu o Beira-Rio pintado de azul. Botar as cores do arco-íris para chamar a atenção para o combate à homofobia, ainda que não tenha nenhum efeito concreto, é aceitável, em nome da causa, mas azul? E, pior, azul na abertura da semana de um Gre-Nal? Sejamos anacrônicos, mas não sejamos anti-colorados!

Não se trata apenas de uma questão estética ou de uma incomodação visual ver o Beira-Rio destacado com a cor do Grêmio. É mais do que isso. É a identificação com a história do clube e com o símbolos que nos identificam mundo afora. Até hoje, pelo menos, qualquer pessoa minimamente interessada em futebol sabe que o clube vermelho de Porto Alegre é o Inter e que o clube azul é o Grêmio. A nossa identidade vermelha é tão forte que somos o único vermelho, enquanto que o Grêmio divide o azul com o São José. Menosprezar essa simbologia, isso sim, é não ser colorado ou colorada. Não entender o quanto a cor vermelha é importante para nós, aí está um grande problema. 

Quando uma criança nasce em uma família colorada, ela aprende desde sempre a identificar os símbolos do Inter. Ela sabe que o vermelho é a nossa cor e que o Beira-Rio é o nosso estádio. Que surpresa ela não terá ao ver a nossa casa colorida de azul? Que tipo de efeito isso terá na construção da identificação dela com o Inter? Quem desconsidera isso, acha bobagem, que vá estudar um pouco as ciências que tratam dos símbolos (linguística, semiologia, psicologia analítica e até psicanálise). Ou pergunte a uma colorada ou colorado que viu o maior time brasileiro de todos os tempos triturar adversários sempre jogando de vermelho nos 1970. Se tiver oportunidade, converse com alguma pessoa já na casa dos 70 ou 80 anos, que viu Larry Pinto de Faria inaugurar o Olímpico com 4 golos. E se encontrar alguém que viu o Rolo Compressor, ainda há pessoas desse tempo, pergunte com que cor o Inter entrva em campo e pergunte, sobretudo, que cores enfeitavam a velha praça dos Eucaliptos. 

Isso não é conservadorismo, isso é história! E a história do Inter é vermelha, como é vermelha a toca do Saci, nosso mascote, que esses que estão aí hoje de novo (Jorge Avancini e outros quetais) tentaram apagar há alguns anos (procure mais sobre isso aqui mesmo neste blog). 

Gente, quando o Beira-Rio anoitece azul na segunda-feira da semana do Gre-Nal, como é que a torcida vai exigir que os jogadores deem um pressão no árbitro que está nos metendo a mão dentro do nosso estádio? Quando começa a se naturalizar o uso de camisas de qualquer cor com o símbolo do Inter, como é que a torcida vai cobrar que os jogadores joguem o Gre-Nal com sangue? Que referência esses caras que chegam hoje no Inter vão ter para enfrentar o Grêmio se eles nem conseguem ter uma relação com o vermelho do Inter?

O mais triste disso é que o Inter como clube do povo vive na periferia, nas pessoas que tiveram alijado o direito de ir no Beira-Rio pelo preço dos ingressos e pela configuração teatral que ele ganhou depois da reforma. Essas pessoas, que vão nos bares pra ver o Ge-Nal, as crianças que jogam na rua chutando um chinelo ou uma lata de cerveja e simulam um Gre-Nal com a turma do Grêmio, quando chegarem no tempo de ir para uma peneira e se alguma tiver talento (ou quem-indique) suficiente para chegar nas categorias de base, vai ver que a camisa vermelha com que ela sonhou tantas vezes e que não pode ganhar, já não tem tanta importância e que tanto faz se ela usar uma camisa vermelha, branca, preta ou rosa, o que interessa é ser um "case de sucesso". E o sonho de ter o seu nome gritado por uma massa vermelha no Beira-Rio lotado, como ela ouviu falar que aconteceu com Fernandão, Valdomiro e tantos outros, dissolve-se, desbota-se, perde a cor. Pode haver tristeza maior do que frustrar o sonho de uma criança?

Alessandro Barcelos, sabemos que tu é colorado e que ao contrário da maioria dos dirigentes que tivemos até hoje, tu não não nasceu em berço de ouro e não tem "pedigree" que te garanta a permanência na política do Inter Mas essa turma que te acompanha... Tu não pode aceitar um vice-presidente de futebol que vai ao treino do time com camisa azul e dá uma entrevista coletiva sem nenhum sangue depois de tomar 3 do Grêmio dentro do Beira-Rio. Não, Alessandro, isso é demais! Bota esse cara pra correr!! Tu não pode aceitar dividir o comando do Inter com caras que querem acabar com o Clube do Povo, que não querem o Saci, não Alessandro! Sei que é difícil, que são muitos os elementos que compõem os contextos políticos e que gerir um clube do tamanho do Internacional é uma coisa extremamente complexa e que muitas vezes é preciso botar a razão na frente da paxão. Mas, por favor, veja para onde a tua gestão de almofadinhas engravatados está levando o nosso Inter. Esses caras estão se lixando para a nossa gloriosa história. Está nas tuas mãos entrar pra história como o presidente que acabou com o Clube do Povo ou retomar os caminhos da trajetória que nos levou a ser o Gignate que somos. Pensa bem, Alessandro, a história vai te cobrar.