SEMPRE O POVO!
O POVO FEZ O INTER!
Antes de ser um slogan de um grupo ou movimento, essa frase é uma
verdade. O Inter é o povo e isso se configura desde os idos de 1909,
quando aqueles visionários e libertários irmãos, os Poppe,
chegaram aqui na capital do “Continente de São Pedro”, um estado
conservador até a raiz, e resolveram criar um clube ecumênico, que
pudesse abrigar todos aqueles que tivessem interesses em comum, que
naquele momento estavam representados pela vontade de praticar um
esporte novo no país, a que só os mais abastados tinham acesso,
principalmente nessas terras às margens de um rio que tempos depois
alguém definiu que não é um rio, mas que sempre vai ser o velho
Guaíba, que anos mais tarde viria a ser o lugar onde construiríamos
a nossa casa.
Aqui, todos tinham vez e voz. Os negros, quando começaram a perceber
que seriam bem recebidos no nosso clube, chegaram e tomaram conta. Os
italianos, os judeus, os “sem-bandeira”, todos tinham espaço na
nossa casa. Desde sempre. Essa diversidade étnica e cultural está
expressa nos nossos grandes ídolos. Nas bandeiras e nos corações
Colorados, dividem o mesmo espaço um negro fabuloso, que teria
mudado a história da Copa de 50, segundo os que o viram jogar, Osmar
Fortes Barcellos, o Tesourinha; um homem da alta sociedade, nascido
Davi Russowski, mas que passaria à história como o lendário
Russinho, do não menos histórico Rolo Compressor, filho de família
rica, mas que nunca se negava a estender a mão aos companheiros de
time; um representante das terras do condor, que dispensa
apresentações, Dom Elias Ricardo Figueroa Brander; um loiro de
olhos claros, que é um dos maores goleiros da história do futebol
brasileiro, Cláudio André Mergen Taffarel; enfim, no Clube do Povo
fizeram história gentes de todas as origens.
Quando achamos que o velho Estádio dos Eucaliptos, palco do Rolo
Compressor e da dupla infernal, Bodinho e Larry, já havia cumprido
de forma magnífica a sua nobre missão, sediando até mesmo jogos de
copa do mundo, o Guaíba foi escolhido como lugar para um novo e
majestoso estádio. Mas como – alguém poderia perguntar – um
estádio seria erguido sobre a água? Essa pergunta é feita por quem
não conhece a força do Povo Colorado. Disseram que sentaríamos não
em cadeiras, mas em boias cativas. Falaram que com o tempo a nossa
torcida assistiria aos jogos em barcos a remo. Falaram, falaram,
falaram... E o Povo Colorado levou tijolos, arrumou sacos de cimento,
trabalhou e fez surgir o Gigante. E o Gigante assombrou o estado e o
país. Nele o Inter enfilerou títulos e vitórias sobre o maior
rival; nele a torcida viu um negro “marrento” e um loiro sério e
disciplinado consolidarem um título do qual jamais outro clube
conseguiu chegar perto: o Príncipe Jajá e o genial Falcão venceram
até o misticismo de um massagista que fez o Vasco da Gama entrar em
campo com camisas pretas de mangas longas, no sol escaldante do verão
porto-alegrense, e deram ao Povo Colorado a alegria de conquistar um
título brasileiro de forma invicta.
Só que a nossa história não é feita só de momentos gloriosos.
Tivemos as nossas dificuldades e quando precisávamos bater o time da
“família Scolari”, para não manchar a nossa história com a
descida a um nível que não conhecemos, a Povo Colorado esteve lá,
apoiando o time e iluminando a cabeça de outro grande ídolo, para
empurrar para o fundo das redes a bola que nos livraria da divisão
frequentada pelos times inferiores. Este sujeito, Dunga, aliás,
representa um pouco da história do Povo Colorado, porque suportou
nas costas a ira de uma nação manipulada pela mídia do centro do
país, que denominou como “Era Dunga” um dos piores períodos da
história da seleção brasileira, e mostrou a essa gente, quatro
anos depois, que com um Colorado não se brinca. Grande Dunga!
Uma volta no tempo, para dizer que nos gloriosos anos 70, a primeira
década do Gigante da Beira-Rio, um time do centro do país ficou
conhecido com Academia. Era o Palmeiras, do grande Ademir da Guia.
Pois do lado de cá do Mampituba, um grande narrador de futebol percebeu que tínhamos também uma academia, mas que essa academia
era diferente. Então um belo dia, o já lendário Haroldo de Souza
abriu assim uma jornada esportiva: APARECE A ACADEMIA DO POVO!!! E
aquilo virou uma marca. A marca de um time que jogava tanto quanto a academia
verde de São Paulo, mas que tinha por trás desse futebol
maravilhoso o Povo Colorado.
Um corte de três décadas e no ano de 2006 um emocionado capitão,
minutos antes do jogo que viria a marcar a maior conquista de um time
brasileiro, ao juntar o seu grupo antes de entrar em campo, grita a
toda voz que quem entrasse em campo com aquela camisa deveria saber
que teria a responsabilidade de honrar um Povo. E no sangue
escorrendo do rosto de um guerreiro – ex-boia-fria -, estampou-se
toda a história do Povo Colorado. Estávamos, naquele dia, nos
sagrando Campeões do Mundo, batendo o todo poderoso Barcelona, que
até no banco de reservas era uma seleção mundial. E na volta para
casa, o Povo Colorado fez uma das maiores festas que este estado teve
notícia, lotando o Beira-Rio, a sua casa, no meio da tarde de um dia útil, tal
como se fosse um domingo de final de campeonato.
A partir dali, ganhamos todos os campeonatos possíveis, nos
transformamos no Campeão de Tudo. E o que parecia impossível,
começou a acontecer. Na cabeça de algumas pessoas, infelizmente muito poderosas, a condição de campeão de tudo não era mais compatível com a história de Clube
do Povo. E o Internacional começou a se afastar do seu Povo, o Povo
do Clube passou a ser indesejado no Beira-Rio, o mesmo estádio
majestoso que ele ajudou a erguer das águas. Os ingressos passaram a
ficar cada vez mais caros, a velha coreia, de tantas guerras, deixou
de existir, o Portão 8, que era o terror dos dirigentes
incompetentes e dos jogadores mascarados, foi extinto. O sócio
antigo, aquele da “carteira vermelha”, passou a ser visto com
maus olhos pelas gestões que se sucediam. O histórico Saci quase
foi substituído pelo Macaquinho Escurinho. O espaço social e de
lazer do clube foi sendo deixado em segundo, terceiro plano. O Parque
Gigante, que já foi orgulho do Povo Colorado, hoje é uma espécie
de depósito de entulhos. Ou seja, o Clube do Povo afastou o Povo do
Clube.
O grand finale desse processo de elitização está prestes a
acontecer. No dia 6 de abril, aniversário do Gigante da Beira-Rio,
do lado de dentro da NOSSA CASA, estará se realizando uma festa para
a qual não fomos convidados.
Mas essa história não vai ficar assim. Eles mexeram com uma
instituição sagrada, o Povo Colorado. E essa nação que estava
como que adormecida está abrindo os olhos e se levantando para
voltar para casa. É isso, Nação Colorada, o Povo Colorado está
voltando para casa. E o primeiro grande passo desse retorno às
nossas origens vai acontecer no mesmo dia da festa deles. Sim, embora
estejamos falando da reinauguração do NOSSO estádio, aquela é a
festa deles. A nossa vai ser na rua, junto com a gente que construiu
o Inter, junto com o Povo Colorado.
Conclamamos a todos aqueles Colorados que não foram convidados para
a festa da “confraria” e aqueles que foram convidados mas
preferem participar da FESTA DO POVO, para fazermos juntos o maior
evento popular ligado ao futebol que o país do futebol já teve
notícia. Vamos todos juntos celebrar a volta do NOSSO ESTÁDIO
realizando o
CHURRASCO DO POVO COLORADO!
Vamos
fazer o mar vermelho invadir o Beira-Rio, mesmo que neste momento não
possamos entrar na NOSSA CASA!
Vamos
mostrar a essa gente quem é o Povo Colorado, o Povo que construiu o
maior clube do Brasil!
Traga
sua churrasqueira portátil, se não tiver encoste seu espeto na
churrasqueira do Colorado ao lado e vamos cobrir o lado de fora do
gigante de vermelho!
Depois disso, certamente o caminho estará aberto para
retornarmos à nossa casa, porque eles não vão mais conseguir
barrar a nossa entrada.
O POVO FEZ O INTER