NOTA DE ESCLARECIMENTO INICIAL

Somos COLORADOS e estamos preocupados com os rumos do CLUBE DO POVO. Por isso criamos este blog. Nosso maior objetivo é resgatar a alma do Sport Club Internacional, cujos alicerces estão fincados nas classes populares, que sempre deram sustentação e transformaram o INTER no GIGANTE que ele é.


O Inter NÃO nasceu em 2002!!!



sexta-feira, 9 de novembro de 2012

DEMOCRACIA DE FICÇÃO

Em tempos de Feira do Livro, a eleição presidencial do Internacional poderia ser uma obra coletiva de ficção que estivesse entre as mais vendidas do evento. O que aconteceu ontem, caso não se tratasse da história de um clube centenário, com milhões de torcedores espalhados pelo mundo, poderia ser considerado uma brincadeira de mau gosto.

Algumas coisas ficaram absolutamente claras a partir da reeleição de Giovani Luigi:

1º - o Internacional voltou a ser uma espécie de feudo, em cujo poder se revezam de forma rotativa homens (e agora uma mulher), que se julgam donos do clube;

2º - não há NENHUMA oposição à gestão e isso restou cristalino das palavras do presidente reeleito ao final do pleito. Perguntado pelo repórter da rádio Guaíba sobre o fato da reeleição ter sido garantida garantida pela hegemonia no conselho Deliberativo, conquistada na última eleição proporcional, ele rechaçou  de pronto essa ideia, dizendo que se estivesse se mantido o quadro estabelecido na eleição para o CD, hoje a sua chapa teria dificuldades até mesmo para ultrapassar a cláusula de barreira. Isso só foi possível, segundo o presidente, pela adesão de vários grupos à sua chapa. Grupos esses que, imagino, seriam de oposição. Para não deixar dúvidas, basta ver que a mulher que conquistou o honroso posto de primeira vice-presidenta do clube, há bem pouco tempo era uma das expoentes do movimento que se diz oposicionista;

3º - o Conselho Deliberativo é um órgão figurativo, sem nenhum tipo de poder no clube, exceto aquele de conferir uma certa legitimidade, também ficcional, à eleição presidencial, que visa a mascarar o sistema pelo qual de fato se exerce a governança do outrora Clube do Povo: uma autocracia absoluta.  

O Internacional está trilhando um caminho muito perigoso, que o está afastando cada vez mais das suas raízes populares. A elitização vem se consumando há algum tempo e o pleito que reelegeu atual gestão é reflexo disso. Perdemos uma grande chance de estar novamente na vanguarda, proporcionando a maior eleição presidencial de um clube na história do futebol mundial. Houvesse o chamado voto no pátio, mais de 75 mil Colorados poderiam escolher o novo presidente. Entretanto, o medo de "perder o poder" (explico as aspas adiante), fez com que se engendrassem uma série de manobras, dentre as quais a principal foi a suposta fragmentação do grupo diretivo. Perguntado se o ex-presidente Vitório Píffero poderia ocupar um cargo na gestão, especificamente como vice-diretor de futebol, o presidente reeleito tergiversou e falou em união dos Colorados. União ou acordão pré e pós-eleitoreiro?

Escrevi perder o poder entre aspas porque entendo que de nenhuma forma isso aconteceria. Como eu disse,não vejo oposição no clube. O ex-presidente Fernando Miranda definiu com muita precisão o quadro político que se estabeleceu para esta eleição presidencial. Ele disse que as três chapas poderiam estar fundidas numa só, pois todas elas eram absolutamente idênticas. Se retomarmos a ideia de que a reeleição foi garantida pelo apoio de conselheiros e movimentos "oposicionistas dissidentes", não há como contestar a a afirmação do Miranda.

Logo adiante teremos eleição para a renovação de 150 membros do Conselho Deliberativo. O candidato Luís Antônio Lopes disse que é preciso o sócio decidir entre manter a situação atual, que impede a realização da eleição presidencial no pátio, e uma renovação no Conselho. Fiquei muito curioso para ver a nominata da chapa do conselheiro Lopes e avaliar em que grau poderá se dar a "renovação" do CD. Todavia, não preciso esperar o lançamento oficial das chapas para afirmar sem medo de errar que NÃO HAVERÁ NENHUMA RENOVAÇÃO! O que era para ser um ar renovatório no CD, que foi a eleição de alguns integrantes de movimentos que estão na origem do Convergência Colorada, foi uma experiência absolutamente frustrada, seja pela cooptação de membros pela direção (relembrando a atual vice-presidenta), seja pela inércia dos conselheiros que se mantiveram numa suposta posição de oposição. Os movimentos novos sucumbiram diante de um projeto de união, ou convergência, que se transformou num bloco de oposição ineficaz, que acabou por ceder nomes importantes para a gestão. A minha experiência política não vê com bons olhos esse tipo de "oposição".

Fala-se em oposição consciente e propositiva. A consciência é algo subjetivo, mas a proposição eu não consigo ver. O clube afunda no futebol, as denúncias de graves problemas (caso das notas fiscais levantado pelo Siegmann) são abafadas, a torcida é impedida de manifestar seu descontentamento (episódio da manifestação no Parque Gigante), os sócios deixam de ter participação ativa na política do clube (eleger conselheiros, como se vê, é algo como se os ingleses pudessem eleger o rei), e por aí afora.

Realmente é preocupante o rumo do (praticamente ex) Clube do Povo.

Preparemo-nos para a volta do Celso Roth...

 

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