NOTA DE ESCLARECIMENTO INICIAL

Somos COLORADOS e estamos preocupados com os rumos do CLUBE DO POVO. Por isso criamos este blog. Nosso maior objetivo é resgatar a alma do Sport Club Internacional, cujos alicerces estão fincados nas classes populares, que sempre deram sustentação e transformaram o INTER no GIGANTE que ele é.


O Inter NÃO nasceu em 2002!!!



quinta-feira, 4 de outubro de 2012

POLÍTICA X POLITICAGEM


Estamos em período eleitoral e nessa época coisas muito estranhas, para dizer o mínimo, acontecem por aí. Teve grande repercussão um vídeo gravado por um torcedor gremista no último domingo, no estádio Olímpico, que mostra torcedores gremistas entrando no estádio sem apresentar o respectivo ingresso ou cartão de sócio. Em determinado momento, o cinegrafista amador denúncia o que ele chamou de prática do presidente Paulo Odone de franquear o ingresso para os seus “apadrinhados”, pois a funcionária passava um cartão, sempre o mesmo, que ela fez questão de esclarecer que não pertencia a ela e sim ao Grêmio.

O que o senhor Paulo Odone ou qualquer outro dirigente, conselheiro ou torcedor gremista faz no âmbito restrito do clube pode vir a me interessar apenas no aspecto quase lúdico e um tanto quanto folclórico da rivalidade Gre-Nal. Acontece que o vídeo citado levantou outra questão. Há a suspeita de que o vereador e candidato à reeleição Alceu Brasinha, do PTB, abertamente identificado com o Grêmio, que foi ou é conselheiro, tenha usado, e não pela primeira vez, o artifício de oferecer ingressos para o jogo em troca de votos. Várias pessoas que adentravam o estádio nessas condições usavam adesivos alusivos à sua candidatura e é pouquíssimo provável que isso se deva a uma mera coincidência. 

Em outro momento, a funcionária diz para o torcedor que gravava a cena algo como “foram vocês que votaram no Odone”.  Há notícias que o torcedor foi ameaçado e retirou o vídeo da rede (http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2012/10/02/pressionado-por-ameaca-de-processo-autor-do-video-das-catracas-retira-filmagem-da-internet.htm). Há também informações que dão conta que o borderô do jogo foi adulterado, conforme escutei mesmo na rádio Guaíba. Segundo o repórter Cristiano Silva em boletim veiculado no programa Repórter Esportivo, o borderô original continha anotações informando o número de ingressos fornecidos ao vereador, mas este foi refeito e entregue à FGF sem essas observações. Esses elementos compõem um quadro de extrema gravidade e que transcende os limites do futebol.

A reação exacerbada do senhor Odone, em entrevista que ouvi na segunda-feira à tarde, me preocupou em relação à possível ligação dele, enquanto presidente do clube, com essa fraude eleitoral, suspeita que se agrava na medida em que se sabe que nos próximos dias haverá também eleição para escolha da presidência do Grêmio. Paulo Odone referiu em todas as manifestações públicas sobre o assunto, o senhor Luís Moreira, dirigente ou funcionário do Grêmio, como o responsável pela administração e pela logística do acesso de torcedores ao estádio e o senhor Moreira teve a sua competência, honestidade e ética destacada não só pelo mandatário tricolor como por diversos jornalistas de grande credibilidade, entre eles o chefe de esportes da rádio Guaíba, Luís Carlos Reche. Pois bem, justamente em entrevista ao Reche, o senhor Moreira disse que o vereador Alceu Brasinha tem o hábito de comprar ingressos para os jogos, não sabendo dizer quantos, mas dando a entender claramente que em número considerável. Já em manifestação no programa Sala de Redação, Moreira confirmou o que havia dito e acrescentou que o vereador leva pessoas ligadas a ele para comprar os ingressos. Brasinha nega e isso por si só gera uma grande desconfiança, pois se o homem responsável pela administração do estádio confirma a prática, tratando como algo normal, porque o vereador se esforça tanto em negar? Se a conduta é lícita, não há motivos para negá-la.

A explicação oficial do Grêmio chega a ser patética. Segundo o presidente e o diretor, os torcedores adentraram o saguão das arquibancadas, com os seus respectivos cartões de sócio ou ingressos, e, em face da lotação, a Brigada Militar determinou que eles fosse deslocados para outro setor do estádio. Como eles já haviam entregado o ingresso e "queimado" o cartão, foi necessária a liberação da catraca com um cartão do clube. Qualquer pessoa que já tenha ido pelo uma vez a um jogo, seja no Beira-Rio, no Olímpico ou em qualquer estádio, sabe que depois de passar pela catraca não se volta mais. A questão da lotação é tratada antes da portão de entrada.  

No aspecto da logística de venda de ingressos, a questão é um tanto quanto nebulosa. Como visto, o senhor Luís Moreira afirma que o vereador Brasinha compra ingressos para os jogos com frequência e não há porque duvidar disso, afinal o diretor gremista teve sua honestidade atestada em várias esferas. Primeira pergunta: porque o vereador compra ingressos, e é importante que se destaque o plural, se é sócio e, portanto, não precisa de ingresso para entrar no estádio? Por outro lado, sempre se noticia que a compra de ingressos para os jogos é limitada, a fim de evitar a ação indevida de cambistas. Como então, o vereador compra os ingressos? Fica bastante claro que deve haver uma facilitação da direção gremista para isso. Se há, qual a intenção? Se a motivação for interna, dizendo respeito, por exemplo, ao pleito eleitoral do clube, pouco me importa, mas, como
fica claro, há outros interesses envolvidos e esses estão ligados à cidadania.

Em pleitos passados, o vereador Alceu Brasinha foi notícia por estar supostamente oferecendo alimentos para moradores de zonas pobres em troca de votos. Recentemente, por ocasião da apresentação de Vanderlei Luxemburgo como treinador, o presidente Paulo Odone fez com que ele aparecesse na entrevista coletiva com uma camiseta com o número do seu partido, o que foi uma inovação, pois nunca antes um treinador tinha vestido uma camiseta na sua apresentação, prática restrita aos jogadores contratados. Esses são apenas dois exemplos que apontam para a ideia de que a maneira de fazer política desses senhores é no mínimo questionável da perspectiva ética. Quando um candidato oferece favores e benefícios aos eleitores em troca de votos, ele estabelece uma relação de comprometimento que vai ter reflexos no exercício do seu mandato. E isso não só afronta a ética, como constitui crime.

Por isso é extremamente importante que se supere a famosa grenalização que contamina todos os assuntos relacionados ao futebol no nosso estado e se examine profundamente esse episódio. E aqui reforço a ideia de que o Grêmio, como instituição, não tem nada a ver com isso e está acima do fato.

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