NOTA DE ESCLARECIMENTO INICIAL

Somos COLORADOS e estamos preocupados com os rumos do CLUBE DO POVO. Por isso criamos este blog. Nosso maior objetivo é resgatar a alma do Sport Club Internacional, cujos alicerces estão fincados nas classes populares, que sempre deram sustentação e transformaram o INTER no GIGANTE que ele é.


O Inter NÃO nasceu em 2002!!!



terça-feira, 1 de novembro de 2016

Rolo Compressor - a subversão

A imagem de um rolo compressor faz brilhar nos olhos da torcida colorada a lembrança de um tempo em que o nosso time entrava em campo unicamente para saber placar, pois a vitória era certa. Nesse tempo, a escalação não narrada, mas declamada: Ivo, Alfeu e Nena, Assis, Ávila e Abigail, Tesourinha, Russinho, Rui, Villalba e Carlitos. Tremiam os adversários. E essa era só a base, qualquer outro que entrasse no lugar de um desses craques era mais um músico na grande orquestra. Logo em seguida, este time deu lugar a outro, tão temido quanto, que tinha na frente uma das maiores duplas de ataque da história do futebol mundial. Larry, o Cerebral, e Bodinho eram implacáveis naquele time que se eternizou como o Segundo Rolo. A partir dali, e enquanto o Internacional manteve a memória da sua história, cada vez que um técnico mandava a campo um time com poucos ou nenhum titular, este era carinhosamente chamado de Rolinho. Eis o resumo da história da relação da expressão Rolo Compressor com o Internacional. 

Fazendo um salto de algumas décadas, vemos que a imagem, tão cara ao povo colorado, do rolo compressor, vem ganhando outra conotação. Hoje ao trazermos a expressão, muito mais fácil associá-la à maneira como as questões internas do Internacional são tratadas frente à política que se instalou na gestão do clube, que conta com amplo apoio da base governista no Conselho Deliberativo. Ontem, o que se viu na reunião extraordinária convocada por um grupo de conselheiros, em face da inércia da Mesa Diretiva, foi um espetáculo deprimente. Vou fazer uma brevíssima síntese dos fatos para que * leit*r entenda basicamente a forma de agir do supremo comando colorado.

Aproximadamente a partir do meio do ano, começaram-se a discutir, no âmbito do Conselho, os contratos de transmissão dos jogos do Internacional para as próximas temporadas. Ou melhor, houve algumas tentativas de discutir o assunto na instância deliberativa, de acordo com as normas estatutárias, diga-se. Tentativas apenas, porque em duas ocasiões a ordem do dia das sessões convocadas para este fim foi fraudada pela direção, que retirou de pauta o tema. Na reunião do dia 26 de setembro, o presidente do clube afirmou que não se poderia deliberar sobre o tema por conta de uma proposta da Rede Globo que acabara de chegar à direção. Anteriormente, a administração fizera uma explanação em plenário, tratando o contrato firmado com o Canal Esportivo Interativo para os anos de 2019 e 2020 como uma verdadeira maravilha, colocando o Internacional na vanguarda dos clubes brasileiros, protagonista do corajoso ato de romper com o monopólio da Globo e dizendo que a partir dali se estabeleceriam novos paradigmas nas negociações de venda de direitos de transmissão. Muitas discussões se sobrepuseram, dentro e fora do Conselho, análises foram feitas, teses foram criadas, tudo em vão, pois a Mesa do Conselho, que muitas vezes parece agir sem a autonomia necessária, mas apenas como um braço da direção, nunca impôs à gestão a prerrogativa daquela casa, que é deliberar sobre os assuntos de interesse do clube.

Há alguns dias, o povo colorado foi surpreendido em uma entrevista coletiva do presidente do clube, na qual ele afirmava ter assinado um grande contrato com a Rede Globo (aquela que monopoliza de forma nefasta as transmissões no país do futebol), recebendo um valor, que se convencionou chamar de luvas, e logo se entenderá o motivo, a bagatela de 47 milhões de reais. Estabeleceu-se, então, uma discussão, ao meu ver meramente semântica, em torno justamente daquilo que a direção caracterizou como luvas contratuais. Se são luvas, segundo o entendimento de alguns, não se caracteriza uma burla ao estatuto do Internacional, que diz basicamente que não pode haver antecipação de receita de gestões futuras sem que o contrato seja votado no Conselho Deliberativo. Foi solicitada à Mesa do Conselho uma reunião extraordinária com a finalidade de DELIBERAR sobre o assunto. Ora, deliberar significa discutir e VOTAR. A presidência da Casa convocou a reunião, entretanto modificou a ordem do dia, retirando o termo deliberar. Em 21 de outubro, uma sexta-feira, dia estranho para a realização de uma sessão do Conselho, reuniram-se os conselheiros para um bate-papo “à beira do fogo”, ocasião em que o Vice-Presidente de Administração explanou sobre os contratos. A diferença é que desta vez o maravilhoso contrato com o Esporte Interativo virou apenas balão de ensaio para um sensacional contrato assinado com a Rede Globo. Discussões de natureza jurídica e argumentos técnicos foram apresentados, tudo em vão, porque o tal contrato já estava assinado. Durante a reunião, o plenário foi informado da convocação de uma reunião extraordinária para o dia 31 de outubro, feita à revelia da Mesa, nos termos estatutários, esta sim com o objetivo específico de discutir e VOTAR o contrato com a Globo.

Chegamos, finalmente, ao palco do circo armado na noite de ontem. Para começar a conversa, soube-se, pelo parecer do Conselho Fiscal, que a proposta aceita pela direção datava de 1º de julho. Ou seja, aquela conversa da reunião de 26 de setembro, que trancava a discussão por conta de uma nova proposta recém chegada, era falaciosa. Já havia alguns meses a proposta era analisada nos gabinetes diretivos do clube, ao arrepio do órgão deliberativo. Houve fatos ainda piores, por difícil que seja acreditar. O não comparecimento do presidente do clube a uma reunião desta importância, por exemplo, escancara a arrogância e a falta de comprometimento da gestão com as coisas do clube. O primeiro vice-presidente, substituto natural do gestor, não obstante estivesse na Casa, talvez por não querer se expor aos questionamentos, candidato que é à presidência, delegou a função de representar a gestão ao segundo vice-presidente. Em uma de suas manifestações o presidente do clube em exercício, perguntado se já havia sido feito o depósito das tais luvas e se o dinheiro já havia sido utilizado, disse que sim, que havia sido paga uma dívida cuja inadimplência poderia, inclusive, provocar o rebaixamento do Inter por uma norma da FIFA. Ou seja, não obstante todos os esforços que parecem estar sendo envidados pela gestão para que o Inter passe por essa situação lamentável de contar cada pontinho dentro do campo para fugir à tragédia da série B, ainda evidencia-se a prática de gestão temerária, porque, como colocado pela conselheira Najla Diniz ao microfone, havia uma dívida que poderia trazer consequências terríveis, cujo pagamento foi feito com uma verba que surgiu posteriormente. Isto é, caso não tivesse havido o adiantamento da Rede Globo, uma receita extraordinária, o INTERNACIONAL SERIA REBAIXADO EM FUNÇÃO DE UMA DÍVIDA. Dívida essa que é com o jogador Luque, que poucas vezes vestiu a camisa vermelha e ainda de forma a não deixar nenhuma saudade. Se isso não é gestão temerária, estamos diante do que, então?

Muito poderia ser dito sobre as discussões travadas na reunião, mas o importante, agora, é descrever de forma sucinta como foi o processo de votação. Não é preciso dizer que a deliberação sobre um assunto de tamanha importância é da mais alta seriedade e todos os cuidados devem ser tomados para que o processo de votação transcorra de forma totalmente clara e transparente. O Presidente da Mesa, entretanto, parece não pensar desta forma. A votação foi promovida no velho sistema do senta-levanta: “Aqueles que concordam permaneçam como estão...”. Durante a contagem dos votos, o conselheiro César Schunemann verificou que havia mais votos do que votantes, numa situação que, ao que se sabe, não acontecia por aqui desde os tempos de Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros, quando até os mortos votavam. Depois se disse que houve um problema no livro de assinaturas, com conselheiros que estavam na reunião, mas não haviam assinado, enfim, desculpas acham-se para tudo no contexto atual do Internacional.

Outro fato gravíssimo deu-se em relação ao Parecer do Conselho Fiscal, que os conselheiros e conselheiras governistas seguidamente trazem à luz para justificar suas decisões, muitas vezes descomprometidas com os verdadeiros interesses do clube. O documento sugeria a edição de uma Resolução a fim de definir, por omissão do Estatuto, que pagamento de luvas é antecipação de receitas e, portanto, os contratos em que houver esse sistema devem ser submetidos previamente ao Conselho. Esta sugestão originalmente incluía o contrato em análise. O que se aprovou, entretanto, foi que ela passa a valer a partir de então. Algo mais ou menos assim: até o presente momento esta prática foi certa, a partir de agora é errada. 

Pior do que isso tudo, talvez, tenha sido o fato de ninguém além da direção, o que inclui o Conselho Fiscal, nas palavras do seu presidente, saber efetivamente dos 47 milhões. Não se sabe em que dia foi depositado nem em que conta, não se comprova a sua utilização, não se sabe como ele integra a contabilidade do clube, isto é, são 47 milhões que salvaram o Inter do rebaixamento fora de campo, sobre os quais não se tem a menor informação. Neste momento é importante destacar a presença na reunião do responsável pela área de transparência do clube, que fez apenas uma breve intervenção a respeito do rito de votação, mas nada disse sobre... a transparência.

Assim, amig*s, a triste conclusão que chegamos é que mais uma vez a patrola da direção passou pelo Conselho e a expressão Rolo Compressor, que está na memória da torcida gravada pelos heróis que construíram a história do Clube do Povo, passou a ter outra conotação.


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