BALANÇO DA GESTÃO

By Douglas

Jorge Fossati esteve/está com a cabeça a prêmio. Antes de qualquer coisa, deixo claro que não concordei com a contratação dele, que é um técnico de altitude, pelo que pude perceber ainda nos tempos de LDU. Mas a questão aqui é sobre planejamento, filosofia e política de futebol, teoria, discurso, prática e incoerência. Eis um trecho do livro “De Belém a Yokohama”, do Fernando Carvalho:

“Saída de treinador é sempre uma coisa problemática, ainda mais para nós, que damos valor para o planejamento de longo prazo, para a visão estratégica. A saída do Ivo teve a ver com nossa desclassificação na Copa do Brasil, mas também com a nossa inexperiência [...]. Penso da seguinte maneira: quero um treinador cauteloso, que forme primeiro a defesa e depois o ataque. [...] Outro nome seria o Tite, com quem eu já havia feito contato preliminar, anteriormente, em meados de 2000, uma sondagem para conhecimento, e posso dizer que era ele quem estava nos nossos planos. Contudo, naquele momento ele treinava o Grêmio, o que tornou inviável o contato. Mas não se pode usar o treinador em função do momento de quem necessita, apenas.” (CARVALHO, 2009, pp. 112-114)

O período a que se refere o trecho acima é 2002, primeiro ano de gestão da atual direção, que já está no comando do Inter há quase uma década – tempo demais e títulos relevantes de menos em relação ao contexto (mais de cem mil sócios, receita da TV, patrocínio, venda de jogadores anualmente, etc., etc.).

FC diz que dá valor ao planejamento de longo prazo e que não gosta de trocar de treinador. Vamos aos fatos, então:

2002 – neste ano o Inter, presidido pelo FC, teve 4 técnicos diferentes ao longo da temporada (sendo que um deles foi o retranqueiro e eterno cavalo paraguaio Celso Roth) e quase foi rebaixado para a divisão do gfbpa – por vários fatores, dentre os quais a total falta de convicção da direção!

2003 – Muricy Ramalho comandou um time de garotos e acabou o Brasileirão em 6º, levando uma goleada histórica de 5x0 do são caetano na última rodada, perdendo, assim, a vaga na libertadores do ano seguinte, quando precisava apenas de um empate (sendo que Nilmar e Daniel Carvalho, destaques absolutos daquele time, foram cedidos faltando duas rodadas pro fim do campeonato pra ficarem no banco da seleção pré-olímpica que não se classificou para o torneio em 2004).
Que planejamento é esse que prescinde dos dois principais jogadores do time na reta final do campeonato?

2004 – Lori Sandri foi contratado, fazia boa campanha no brasileirão, mas foi demitido após uma entrevista coletiva em que falou mal do Marabá e do Gavilán publicamente. Para o seu lugar veio Joel Santana, técnico folclórico, gente fina, mas com capacidade muito discutível. De cara, estreou levando uma goleada histórica do botafogo, mas acabou ficando por mais de um turno. Quando FC e Cia. se deram conta da bobagem que tinham feito repatriaram o Muricy.
Só que daí já era tarde e restou apenas uma vaga na sul-americana do ano seguinte. 3 técnicos diferentes num mesmo ano! Isso é planejamento e visão estratégica???

2005 – Muricy permaneceu no comando durante todo o ano e, com o bom time montado nesse ano, foi campeão brasileiro. Só que não levou! O STJD, na figura do Luís Zveiter, e o árbitro Márcio Resende de Freitas roubaram a taça do Inter no canetaço e no apito amigo. O que fez a direção, especialmente o FC? Ficou quieta, aceitou a roubalheira de braços cruzados e deixaram o curinthians entrar pros anais da história como o campeão brasileiro de 2005. Quanta covardia!

2006 – Abel Braga assume e ganha a América e o mundo! Mas não sem antes deixar escapar, dentro do Beira-Rio, o título do gauchão após empatar com um dos piores times da história do gfbpa. Além disso, poderíamos ter ganho também o brasileirão, que deixaram de brinde pro são paulo. O Inter ganhou do Barcelona num jogo histórico, épico, porque tinha jogadores do naipe do Fernandão, do Iarley e do Clemer, mas a direção (FC, Píffero e Cia.) quase colocou tudo a perder depois da libertadores, quando desmanchou o time, vendendo Jorge Wagner, Tinga, Bolívar e Rafael Sóbis! Planejamento ou falta de juízo?

2007 – aqui começa a desgraça... numa estratégia completamente equivocada da direção (Píffero e Luigi), o Inter foi eliminado pelo veranópolis na primeira fase do gauchão, exatamente no dia em que completou 98 anos, e foi eliminado na primeira fase da libertadores. E o Abel saiu.
No brasileirão a situação foi ainda pior. Já com Alexandre Gallo, um neófito, o Inter fez uma campanha ridícula e acabou com uma vaguinha na sul-americana (que só não se classifica quem é rebaixado ou é inqualificável de tão ruim). A única coisa boa nesse ano é que o Abel voltou no fim do campeonato, mas daí já era tarde. Isso é planejamento???

2008 – Abel começa o ano bem, mas, com um grupo fraco, acaba eliminado da copa do Brasil contra o Sport e sai. Junto com ele saem Fernandeus (vendido para um time do Qatar) e Iarley (escorraçado por Píffero e Luigi). E a casa cai. Guto Ferreira assume interinamente na 5ª rodada do brasileirão, se não me engano, e em seguida, com o aval do FC, tite é contratado, como a direção já havia “planejado” desde 2002. Contrataram um gremista incompetente e o time afundou no brasileirão. Ficou fora da libertadores no ano do centenário. Um gremista no comando do Inter... pode uma coisa dessas? Não, não pode! Só podia dar no que deu...

2009 – Piffero, Luigi e FC insistem na besteira e mantêm tite. O Centenário foi jogado na lata do lixo. Quando tudo estava perdido, demitiram o pastor-adenor-tricolor (tite) e trouxeram o Mário Sérgio, que nunca foi técnico de fato. Mas, mesmo sem Nilmar, Alex, Edinho e Magrão, todos vendidos, o "vesgo" ainda conseguiu uma vaga na libertadores do ano seguinte.

2010 – ano de libertadores, R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais) de superávit, mas a direção não contratou ninguém, não trouxe um centroavante de qualidade, um zagueiro confiável nem um meio-campo talentoso (enquanto o curinthians tem Ronaldo e Iarley; o são Paulo tem Dagoberto, Washington e Marcelinho Paraíba; o cruzeiro tem Kleber, Thiago Ribeiro e Wellington Paulista; o flamengo tem Vagner Love e Adriano; o fluminenC tem Fred e Dario Conca; o santos tem Neymar e Paulo Henrique Ganso).

Eu pergunto: CADÊ O DINHEIRO? QUE PLANEJAMENTO É ESSE?
Colorados, vamos dar um basta nesta palhaçada que a atual direção está fazendo com o Inter desde 01/01/2007!