NOTA DE ESCLARECIMENTO INICIAL

Somos COLORADOS e estamos preocupados com os rumos do CLUBE DO POVO. Por isso criamos este blog. Nosso maior objetivo é resgatar a alma do Sport Club Internacional, cujos alicerces estão fincados nas classes populares, que sempre deram sustentação e transformaram o INTER no GIGANTE que ele é.


O Inter NÃO nasceu em 2002!!!



quinta-feira, 1 de abril de 2010

COREANOS

Postado por Douglas em 01/04/2010.

Aí vai um trecho do livro "Autobiografia de uma paixão", do LFV.

“O freqüentador da coréia é o único torcedor autêntico do futebol. Não é o espetáculo que o atrai. Dali onde ele fica não se vê espetáculo algum. A única visão desimpedida que ele tem é dos fundilhos do bandeirinha, o resto ele adivinha. O coreano está ali porque tem que estar. Seu compromisso não é com o jogo, que ele não vê, é com o time. Como não enxerga os detalhes, vive apenas os momentos decisivos do jogo, as grandes explosões. O resto é uma angústia cega, de pescoço esticado. Todas as outras misérias da sua vida lhe são impostas, esta é a única miséria que ele escolhe. Porque – é difícil falar nele sem cair na pior literatura – é a única que lhe dá uma sensação mínima de redenção. O gol, a explosão, o seu instante semanal de triunfo. O resto da sua vida é sempre zero a zero. O oposto do coreano é o falso torcedor que fica abjetamente em casa acompanhando o jogo pelo rádio ou pela TV. Este é submergido em detalhes. Sabe exatamente onde está a bola e com quem, e por quê, e o que três ou quatro pessoas pensam disto tudo – e mesmo assim está mais cego do que o coreano. O coreano tem o sentimento do jogo, sente na pleura o lance potencialmente explosivo mesmo que não o enxergue. O torcedor de casa, bombardeado por detalhes, não sabe distinguir o essencial do acessório e acaba torcendo pela entonação do locutor ou pela teoria do comentarista em vez de pela jogada real. Mas nem todos os coreanos são iguais. Mesmo entre eles existe uma graduação. Um dia houve um jogo de portões abertos no Beira-Rio. Não me lembro por quê. Quem quisesse poderia sentar em qualquer lugar do estádio, até nas cadeiras. O coreano poderia sentar numa numerada e chamar o garçom que traz o uísque, nem que fosse só para vê-lo de perto. Mas, acredite ou não, tinha gente na ‘coréia’. Gente que, com o acesso a todo o estádio liberado, se mantivera fiel à ‘coréia’. Não eram coreanos por fatalidade, eram coreanos por convicção! O lugar deles era ali. Acho que foi nesse dia que eu desisti de entender o mundo. De transformá-lo eu já desistira muito antes”. (VERISSIMO, 2004, PP. 88-89)


Uma coisa que me incomoda muito atualmente (leia-se de 01/01/2007 pra cá) no Inter e no ambiente que se criou no Beira-Rio, especialmente, em dias de jogos é uma soberba muito semelhante à que sempre se viu pelas bandas da Azenha, principalmente em meados dos anos 90, depois que elas viraram a mesa e voltaram pra 1ª divisão no canetaço (coisa, aliás, que muita gente esqueceu ou finge ter esquecido, mas eu lembro muitíssimo bem...). Tem muito piá que se diz colorado que já nasceu campeão do mundo Fifa e acha que porque freqüenta a guarda pop, a torcida oficial da atual gestão, criada em meados da década de 2000, quando já era fácil ser colorado, é mais colorado do que qualquer um. Entraram numas de "apoio incondicional" e batem palma pra tudo. Perderam todo e qualquer senso crítico - se é que algum dia tiveram algum. Reconheço que eles até fizeram umas musiquinhas legais, versões de músicas de gosto discutível que se encaixam no contexto, na verdade. Como a maioria dessa gurizada nasceu no começo dos anos 90 e passou a acompanhar o futebol e o Inter efetivamente no início dos anos 2000, eles não tem parâmetros, então, se o FC arrotar eles aplaudem, porque o FC foi um grande dirigente, mas, infelizmente se perdeu no caminho. Hoje o Inter é refém de empresários, de um grupo de dirigentes que pouco entende de futebol, mas que entende muito bem de negócios e sabem aproveitar muito bem as portas que o futebol abre pra quem tem o poder de comandar uma Instituição centenária, cujo orçamento é superior ao do próprio estado do RS e o nº de eleitores é maior do que vários municípios juntos. O Inter só chegou onde chegou porque durante muito tempo se cobrou mudanças, existia uma coisa chamada portão 8 - local de protesto após fracassos e mais fracassos ao longo dos anos 80 e 90 - que nunca deixava o Clube se acomodar e não admitia a sina de derrotas vexatórias às quais éramos expostos. O Beira-Rio era de todos, sócios ou não sócios, e tinha um lugar chamado "coréia", onde praticamente não se via o jogo, mas se sentia a emoção de um gol como em nenhum outro setor do estádio. Quando algum "coreano" conseguia saltar para a geral ou social, era aplaudido, mas a maioria não pulava, preferia ficar perto do campo, mesmo sem ver quase nada, para xingar o árbitro, o jogador perna-de-pau, o técnico, e protestar no microfone das rádios ou comemorar as escassas vitórias pertinho dos jogadores. Hoje a "coréia" não existe mais, ou melhor, está desativada por uma decisão elitista da Fifa - a instituição mais poderosa do mundo ao lado do vaticano e da mídia. O espírito do "coreano" e o seu amor pelo Inter, infelizmente, parecem estar também em extinção. Se engana muito quem acha que o que move as vitórias do Colorado é o "apoio incondicional" cego e alienado! A crítica, a cobrança e a vigilância permanente é que mantém o Inter forte, grande e vencedor. Mas, vencendo ou perdendo, a razão de ser do Clube do Povo é o seu torcedor, a sua história, sua ideologia, suas tradições. Isto não pode mudar! O Inter nasceu em 1909 com ideais nobres e se manteve assim por longos 97 anos. Não é uma geração de torcedores alienados e dirigentes alienadores que mudará os rumos de uma história tão bonita e grandiosa como a do Clube do Povo do Rio Grande do Sul, orgulho do Brasil! Não deixaremos!!! As eleições vêm aí. "Torcedor torce" e VOTA! E a fila anda, como eles mesmos gostam de dizer...

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