UMA NOITE NO MUSEU

O museu é realmente afuzel! A exemplo dos museus dos grandes clubes, o sujeito anda por tudo e cai direto na loja. Aí temos um sério problema, porque a loja, como todos devem saber, não é do Inter, mas da reebok e tira os olhos da cara e de outros lugares por qualquer coisinha que o cara comprar, o que a torna uma opção apenas para as elites. Isso espelha perfeitamente o pensamento da atual gestão, que não tem o menor interesse nas classes menos favorecidas, isto é, a negralha que construiu e manteve a grandeza do Inter ao longo deste primeiro século. É muito contraditório que tu ande por um museu que conta a história do Clube do Povo, que tem no acervo as botinas do Bodinho e as chuteiras do Valdomiro e, ao voltar pro mundo real e atual, perceba que os caras querem mais é que essa característica popular vire peça de museu mesmo.

A festa tava tri bem organizada também, com comidinhas servidas em potinhos, que segundo o Paolo reflete as tendências modernas, espumante (champagne é outra coisa, incultos!) do Inter e polar gelada. Eu fiquei só nesta última e não me arrependo! Bem ao gosto da classe alta, que compõe o público alvo da empresa Sport Club Internacional. Claro que eu imagino que não haveria condições de bancar uma festa com ovo de codorna e vinho de garrafão pra patuleia, mas que é estranho ver um monte de gente engomadinha se achando legítimos representantes do Colorado, isso é...

Tá, e lá pelas tantas eu passei algum tempo ouvindo o Thiago Vaz, conselheiro do grupo do Paolo e assessor da presidência. Foi bastante interessante, porque ele falou da participação dele na gestão, que acontece por conta de um projeto monumental na área de tecnologia e informatização do clube. Algumas coisas ficaram mais claras, como o fato de o movimento deles não se identificar abertamente como oposição, mas com um caráter independente. Sinceramente, não acredito muito nisso, porque numa situação dessas é mais ou menos “ou tá comigo ou tá com eles”, mas a política não é feita exatamente assim, e o Álvaro pode compreender isso melhor do que ninguém, certamente. Eu, como acho que dentro do clube essa coisarada de muita política acaba descambando pra politicagem barata e personalista, continuo com um pé atrás. De qualquer maneira, falei pro Paolo do descontentamento das bases da torcida, que de alguma forma contribuíram pra ascensão deles ao conselho e fiquei de fazer uma espécie de relatório sobre as desconfianças do povo pra mandar pra ele e depois pra todo o grupo. Falei que eles se elegeram com base no nosso apoio, também, e que a ideia de um grupo neutro, e consequentemente ineficaz, não corresponde ao que a gente achou na época da eleição. Sugiro que façamos uma pauta de reclamações, inclusive ilustrando com detalhes concretos, tipo “pra onde foi o dinheiro da venda do Nilmar”, ou “por que vocês não se manifestam contra a cobrança de ingresso para acesso ao museu para a torcida em geral”, e tudo o mais. Eu mando pra ele e depois pro movimento todo e a gente começa a entrar efetivamente nesse debate, pra eles não acharem que se elegeram e agora andam por conta própria sem dar satisfação a ninguém. Acho que podemos fazer isso e postar tudo neste blog, pra dar a publicidade necessária.